quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sobrevivente de massacre na Noruega foi salva por sacrifício de amigo

Uma sobrevivente do massacre cometido por Anders Behring Breivik contou nesta quarta-feira que foi salva em 22 de julho de 2011, quando o extremista norueguês atacou um acampamento juvenil na Ilha de Utoya, porque um outro jovem se colocou em sua frente quando disparos a tinham como alvo.


Foto: ReutersAndrine Johansen, que prestou testemunho no caso contra o extremista norueguês Anders Behring Breivik, é vista em corte de Oslo

Perto de uma cabana situada na margem do lago, Andrine Johansen acreditava ter encontrado "o esconderijo perfeito" enquanto Breivik disparava no acampamento juvenil do Partido Trabalhista. A partir daquele local, observou enquanto ele matava metodicamente vários de seus colegas.
No entanto, ela foi atingida por uma bala não mortal no peito e, quando recobrou a consciência, encontrou-se nas águas geladas do lago ao redor da ilha. "Ia sufocar com meu próprio sangue, enquanto o via executar todos os meus amigos", afirmou.
Ela assistiu à execução de 14 dos 69 mortos nesse dia em Utoya. Andrine lembrou como Breivik, disfarçado de policial para burlar a vigilância, aproximou a arma a 10 centímetros da cabeça de um de seus companheiros e disparou.
Depois de comprovar que todos os jovens que tinham se escondido nas imediações da cabana tinham morrido, Breivik se voltou contra ela e levantou a arma sorrindo, contou a jovem de 17 anos. Contudo, as balas não a atingiram.
"Quando ia a voltar a disparar, Henrik Rasmussen se interpôs e se sacrificou por mim", declarou Andrine Johansen. "Foi atingido com as balas que eram para mim", afirmou.
"Estava certa de que morreria", prosseguiu, contando que havia vários corpos à sua volta com a cabeça flutuando na água, e que ouviu Breivik gritar de alegria. "Me perguntei se eu era uma pessoa ruim a quem era negado o paraíso", disse.
Na água, a sobrevivente fingiu estar morta. Pensou em seu enterro e em escrever a palavra "branco" sobre sua roupa com seu próprio sangue para indicar a cor do caixão que queria para ela. Finalmente, Andrine foi retirada em um barco.
Atualmente, recuperou-se fisicamente, mas continua sofrendo psicologicamente. Não pode comer alimentos vermelhos que a fazem lembrar do que viu na Ilha de Utoya.
Outra testemunha, Ylva Helene Schwenke, que tinha 14 anos quando Breivik disparou, disse não ter "medo" de mostrar suas cicatrizes. "Pagamos o preço da democracia e ganhamos", afirmou essa jovem, atingida por quatro balas.
Em 22 de julho de 2011, horas antes da matança de Utoya, Breivik explodiu um carro-bomba perto da sede do governo norueguês, deixando outras oito vítimas fatais.
O extremista de direita qualificou seu gesto de ataques preventivos contra os "traidores da pátria", realizado, segundo ele, para livrar a Noruega do multiculturalismo e da "invasão muçulmana".


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