quinta-feira, 31 de maio de 2012

ONU confirma descoberta de 13 vítimas executadas a tiros na Síria

Dias depois do massacre de Houla, que deixou 108 mortos na Síria na sexta-feira, observadores da ONU confirmaram nesta quarta-feira a descoberta de 13 homens mortos por disparos perto da cidade de Deir al-Zour, no leste do país. Com as mãos atadas atrás das costas, as vítimas vendadas aparentemente foram executadas com tiros nas cabeças.




Foto: APImagem de vídeo amador alega mostrar corpos de 13 homens executados a tiros em Deir el-Zour, Síria (29/5)

O chefe da missão da ONU, Robert Mood, disse estar "profundamente perturbado" pelo "ato terrível e imperdoável". Mais de 250 observadores da ONU estão em várias cidades sírias para tentar monitor o plano de paz elaborado pelo enviado especial Kofi Annan, cujo cessar-fogo declarado em abril vem sendo violado diariamente por ambos os lados no conflito.
Na semana passada, um painel independente de especialistas da ONU disse que o regime sírio e uma força rebelde cada vez mais organizada estão realizando matanças ilegais e torturando oponente, mas que as forças do governo ainda são responsáveis pela maior parte da violência que atinge o país desde março do ano passado, quando se iniciou o levante popular contra o regime de Bashar al-Assad.
A informação sobre a nova surgiu surgiu no mesmo dia em que a Rússia e a China voltaram a afastar a perspectiva de uma iniciativa mais forte da comunidade internacional contra Damasco em retaliação pela violência que, segundo a ONU, deixou mais de 9 mil mortos. Na sexta-feira, 49 crianças crianças e 34 mulheres foram mortas entre os 108 massacrados na região de Houla, Província de Homs, na sexta-feira.
O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Gennady Gatilov, reiterou nesta quarta-feira que a Rússia é "categoricamente contra" a uma intervenção estrangeira na Síria, afirmando acreditar que qualquer nova medida adotada pelo Conselho de Segurança da ONU contra Damasco seria "prematura". Como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia tem direito a veto no órgão juntamente com EUA, China, Reino Unido e França.
"Sempre dissemos que estamos categoricamente contra qualquer ingerência no conflito sírio, porque isso só agravaria a situação e teria consequências imprevisíveis para a Síria e toda a região", declarou Gatilov.
A China também expressou nesta quarta-feira sua oposição a uma intervenção militar e instou a comunidade internacional a seguir apoiando o trabalho de mediação de Annan. "A China se opõe a uma intervenção militar na Síria e a uma mudança de regime pela força", disse o porta-voz chinês do Ministério de Relações Exteriores, Liu Weimin.
As declarações de Rússia e China foram feitas um dia depois de o novo presidente francês, François Hollande, ter tido que não excluía uma intervenção armada na Síria para pôr fim à repressão do regime de Bashar al-Assad, desde que fosse coordenada pelo Conselho de Segurança. Nesta quarta-feira, a Austrália também disse que não exclui essa possibilidade.
Em meio ao debate, o governo alemão afirmou não ver razão para especular sobre "opções militares na Síria", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Os EUA continuam contrários a uma ação militar.
Expulsão de diplomatas
Além de reafirmar sua oposição a uma intervenção externa no país, a Rússia qualificou nesta quarta-feira de "contraproducente" a expulsão dos embaixadores de Damasco da maioria dos países ocidentais como protesto pelo massacre de Houla.

Segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores russo, Aleksandr Lukashévich, a medida dificultaria os esforços para a resolução pacífica do conflito por fechar "canais de vital importância para trocar opiniões e influir de maneira construtiva no governo sírio para levá-lo pelo caminho do cumprimento do plano de Kofi Annan".

Foto: APImagem divulgada por ativistas diz mostrar corpos de vítimas de massacre em Houla (26/05)

As expulsões dos embaixadores sírios foram anunciadas por EUA, França, Espanha, Alemanha, Japão, Canadá, Bélgica, Holanda, Japão, Suíça, Bulgária e Reino Unido, enquanto a Austrália e Turquia anunciaram a expulsaram de seu território das missões diplomáticas de Damasco. O Brasil, por enquanto, não planeja adotar medidas contra a diplomacia síria como protesto ao massacre.
Em aparente retaliação às medidas ocidentais, o governo sírio expulsou nesta quarta-feira a encarregada de negócios da embaixada holandesa, a quem deu um prazo de 72 horas para abandonar o país.
Nesta quarta-feira, Rolando Gomez, porta-voz do Conselho de Direitos Humanos da ONU, disse que o órgão realizará uma sessão especial na sexta-feira para discutir o massacre de Houla. O principal organismo de direitos humanos da ONU raramente realiza esse tipo de sessão, mas reuniu-se várias vezes desde o início das revoltas da Primavera Árabe para discutir questões relacionadas à Líbia e à Síria. Suas ações são frequentemente usadas para ajudar os esforços do Conselho de Segurança a demandar uma resposta internacional.
*Com AP, EFE, BBC e AFP
Fonte:  Último Segundo

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