quarta-feira, 30 de maio de 2012

Paquistão condenou 'médico de Bin Laden' por ajudar militância, e não a CIA


Um médico paquistanês que ajudou a CIA (agência de inteligência americana) a encontrar o fundador da rede terrorista Al-Qaeda, Osama bin Laden, foi condenado a 33 anos de prisão por conspirar com um comandante militar islâmico, e não pelo apoio dado ao governo americano, indicaram documentos de um tribunal do Paquistão divulgados nesta quarta-feira.

Até então, acreditava-se que Shakil Afridi tivesse sido condenado por ter coordenado um falso programa de vacinação que permitiu que a CIA coletasse amostras de DNA e verificasse a presença de Bin Laden na mansão de Abbottabad, no Paquistâo, onde forças americanas o mataram em maio do ano passado.
O governo paquistanês condenou o fato de não ter sido avisado sobre a operação.
A condenação por militância e não pelo trabalho com a CIA deve dificultar as tentativas do governo americano de libertar Afridi, que ainda pode recorrer da decisão judicial.
Não está claro o motivo de a condenação não ter sido esclarecida imediatamente. A decisão foi anunciada no dia 23 de maio por um tribunal na região tribal de Khyber.
A área, que é semiautônoma em relação ao governo central paquistanês, segue uma legislação conhecida como Regulações de Crimes de Fronteira (FCR, na sigla em inglês), criticada por ativistas por violar direitos dos réus. Eles não têm direito, por exemplo, à representação legal ou a apresentar provas.
O texto da decisão foi publicado por um jornal paquistanês e obtido posteriormente pela imprensa internacional. No documento, a corte afirma que não considerou evidências sobre a colaboração de Afridi com agências de inteligência estrangeiras porque não tem jurisdição sobre esse tipo de acusação.
Oficialmente, Afridi foi condenado por conspirar com um grupo militante liderado pelo comandante Mangal Bagh. De acordo com o tribunal, o médico deu dinheiro para os militantes e tratou seus líderes em um hospital de Khyber. Testemunhas não identificadas disseram que o grupo planejava ataques na região.
O julgamento de Afridi acontece em mais um momento sensível na relação entre os dois países, que não entraram em acordo sobre a reabertura de rotas paquistanesas necessárias para levar suprimentos as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão. O Paquistão fechou a rota há seis meses em retaliação a um ataque americano que matou 24 soldados paquistaneses.
Com AP e BBC

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