terça-feira, 13 de março de 2012

Copa do Mundo fica 'sem dono' a dois anos do início


O Governo Federal não fala com a Fifa, que já não sabe a quem se relatar no COL (Comitê Organizador Local), que não é recebido pelo Governo Federal. A dois anos do seu início, a Copa do Mundo no Brasil vive uma crise institucional entre os três principais pilares da sua organização.
O último capítulo da “Torre de Babel” que virou o Mundial de 2014 foi a saída de Ricardo Teixeira, na última segunda-feira.


Motivo de grande parte da falta de sintonia entre as partes interessadas na Copa, o cartola estava à frente do COL desde quando ele foi criado, em 2007. O comitê tinha como função, justamente, fazer o elo entre o país organizador e a Fifa, dona do Mundial.
Apesar da sua presença ser vista como problema, a saída não chega a representar uma solução. Antes de abandonar o posto de número 1 do COL, Ricardo Teixeira deixou uma estrutura montada com, inclusive, sua filha entre os diretores. Mais, no seu lugar assumiu José Maria Marin, político sem trânsito no Governo Federal e na Fifa.
Desde o início do governo da presidente Dilma Rousseff, Ricardo Teixeira e o COL perderam influência no Planalto. O cartola não era recebido pela presidenta, diferentemente do que acontecia na época do ex-presidente Lula.
“Realmente, as coisas não estavam entrosadas entre Governo e o COL”, admite o deputado federal do PT de São Paulo, Vicente Candido, relator da Lei Geral da Copa. “A saída do Ricardo pode servir para oxigenar essa relação”, completa o parlamentar, que tem bom trânsito com o cartola.
Foto: AEAmpliar
Marín, novo presidente da CBF, não tem trânsito no governo, nem na Fifa
Candido já admite que a Lei Geral da Copa não será votada até o fim de março, último prazo dado pela Fifa e pelo próprio governo. O texto já foi aprovado pela Comissão da Câmara dos Deputados, mas ainda precisa passar pela Câmara e pelo Senado. O conjunto de garantias para os organizadores do Mundial só deverá entrar e vigor em abril.
O demora na aprovação da lei atrasa pontos-chave da organização do evento, como os lançamentos do plano de marketing, da tabela de preços dos ingressos e até do mascote do Mundial.
Chute no traseiro
Bancadas em sua maioria com verbas do Governo Federal, as obras de infraestrutra e dos estádios da Copa também preocupam. Os atrasos levaram o secretário-geral da Fifa, Jêrôme Valcke, a perder a linha e sugerir um “chute no traseiro” do Brasil para acelerar as coisas. O termo virou pivô de uma crise diplomática e acabou adianto sua visita ao país, que estava marcada para esta semana.

Sem trânsito na Fifa e no Governo Federal, Teixeira se calou durante a crise entre as duas partes, dias antes da sua saída. O cartola divulgou apenas uma carta, onde defendeu o governo brasileiro, mas tampouco criticou Valcke.
Na última segunda-feira, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que a saída do cartola não terá influência no andamento das obras do Mundial.
“Não há nenhum relação do COL com as obras. A não ser o interesse comum de que elas sejam realizadas. Parte é privada, parte é PPP e as obras de mobilidade urbana são de responsabilidade do município e dos estados”, disse o ministro.

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