sexta-feira, 16 de março de 2012

Ex-executivo da Visa cria bandeira que promete parcelar eletrodomésticos em até 200 vezes no cartão


Poucos setores cresceram tanto no Brasil na última década quanto o segmento de cartões de crédito. Impulsionados por uma expansão inédita nos empréstimos à classe média e integração de milhões de brasileiros à sociedade de consumo, as empresas desse setor viram seu faturamento crescer mais de 550% nos últimos 10 anos. Com raras exceções, o crescimento anual nunca ficou abaixo de 20%, cinco vezes mais que a expansão média do PIB nos oito anos do governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. E mesmo com todo esse vigor, a expectativa é de que o dinheiro de plástico mantenha o ritmo nos próximos anos 
Diante de um cenário tão positivo em tempos de incerteza no cada vez mais instável mundo financeiro, o setor observa não só investimentos agressivos das duas líderes do mercado – Visa e Mastercard -, mas também apostas ousadas de pequenos investidores que também querem surfar na onda dos cartões de crédito. 
O mais novo deles é o ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Waldemar Petty, um ex-funcionário da Visa. Com apenas R$ 5,8 milhões, Petty está criando uma bandeira para chamar de sua e concorrer com as duas gigantes do setor, que juntas, dominam 90% desse mercado. 
Sua estratégia nessa briga é oferecer o que nenhum outro cartão oferece hoje: prazo. Petty quer dar o consumidor a opção de comprar uma simples geladeira com um número de prestações semelhante ao de quem compra uma casa. De acordo com o comunicado que sua empresa divulgou, será possível parcelar as compras em até 200 vezes. 
O foco de Petty está na leva de mais de 30 milhões de brasileiros que ascenderam das classes D e E para a Classe C. De acordo com ele, até julho desse ano espera vender 600 mil cartões e outros 2 milhões até o segundo ano de operação. 
Para oferecer essas vantagens, o ex-presidente da Abecs montou um plano agressivo. “Vamos reduzir o preço que o lojista paga para manter a maquininha. Atualmente, eles pagam até R$ 188 de aluguel. Queremos cobrar R$ 30, pois nosso objetivo não é ter receita com a máquina”, explica. Além disso, Petty quer eliminar a taxa de intercâmbio, aquela cobrada pela operadora, que é de 4,5%, em média. 
Outro foco da Shopcards será a fidelização de clientes por meio de um banco de dados cujo objetivo será fazer a ponte entre lojistas e compradores. “Temos sempre que deixar esse banco atualizado. Podemos oferecer descontos para os clientes que atualizarem os dados”, conta Petty. 
Fora o alongamento das parcelas, a operadora também vai disponibilizar diferentes maneiras de pagamento. “As parcelas podem variar conforme a necessidade do cliente. Se ele não puder efetuar o pagamento mínimo de 15%, podemos reduzir para 5%. Ele pode pagar duas prestações por mês, se quiser”, ressalta. “Não se faz varejo sem mercadologia. Vamos unir tecnologia, crédito e maior conhecimento do cliente”, afirma. 
Para conquistar seu público-alvo, a empresa vai colocar pontos de venda dentro de shoppings ou próximo a lojistas. “Montamos um estande no shopping Center D&D, de São Paulo. Também temos pontos em shoppings em Recife e no Mato Grosso”, diz. 
As gigantes se movem 
A tarefa de Waldemar Petty se torna ainda mais complicada diante da mobilização da Mastercard e da Visa em busca de novas tecnologias para facilitar o dia a dia do consumidor. A Mastercard, por exemplo, investe forte na plataforma inControl,. A ferramenta permite determinar onde, quando e como os cartões são utilizados. Para descobrir isso, se baseia no valor da compra, tipo de estabelecimento, local da compra e horário. 
A plataforma também alerta toda vez que é realizada uma operação com o cartão, conforme os parâmetros estabelecidos pelo cliente. A tecnologia ainda está em implantação no Brasil, mas sem previsão de lançamento. 
A Visa, por sua vez, aposta na tecnologia contactless, explica Marcelo Sarralha, diretor de Produtos da Visa do Brasil. “Ele foi desenvolvido para pagamento de pequenos valores, até R$ 50. Ele pode comprar um café, por exemplo, e pagar aproximando o cartão de uma leitora compatível com a tecnologia. Não precisa usar senha”, explica. Quando o “saldo” terminar, é só o cliente fazer uma compra pelas vias normais, com a senha, que o valor será “recarregado” e ele poderá voltar a pagar com o contactless.

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