O escândalo de doping na carreira do heptacampeão da Volta da França, Lance Armstrong, teve o primeiro reflexo entre seus patrocinadores. Grande parceira do ex-ciclista e de sua fundação na luta contra o câncer, a marca esportiva Nike anunciou nesta quarta-feira que encerrou o contrato com Armstrong.
“Devido à aparentemente inegável evidência de que Lance Armstrong participou de um esquema de doping e enganou a Nike por mais de uma década, é com muita tristeza que colocamos fim ao seu contrato”, diz o comunicado da marca. A Nike explica que "nada justifica em nenhum caso o uso de drogas ilegais para melhorar o rendimento esportivo".
O anúncio foi feito apenas seis dias depois de a Nike comunicar que iria manter sua posição e continuar apoiando o ex-ciclista. "Lance atestou sua inocência e está decidido sobre sua posição. A Nike pretende continuar apoiando Lance e a Fundação Lance Armstrong, uma fundação que Lance criou para auxiliar sobreviventes de câncer", anunciou a Nike na semana passada.
A mudança de postura da empresa teria sido motivada pela revelação final do dossiê montado pela Usada, a Agência Antidopagem dos Estados Unidos, que em mil páginas trouxe testemunhos de 26 pessoas, incluindo 11 ex-parceiros de Armstrong, e revelou detalhes do grande esquema de doping do qual Lance teria participado.
A imagem do norte-americano era uma das mais exploradas pela Nike entre os atletas patrocinados pela fornecedora de materiais esportivos. Ao longo de mais de 10 anos de parceria, a Nike sempre destacou em suas campanhas publicitárias o sucesso de Lance Armstrong no esporte e, sobretudo, sua vitória contra um câncer nos testículos em 1996 e o retorno triunfante às provas.
Não faltaram vezes em que a gigante saiu em defesa de seu garoto-propaganda nas primeiras acusações de doping. Em um vídeo promocional de pouco mais de 30 segundos em 2001, por exemplo, Armstrong exaltava seus esforços físicos e dizia que, para alcançar o sucesso, um atleta precisava apenas de dedicação aos treinos e conhecimento do próprio corpo.
Horas antes da saída do parceiro comercial, também nesta quarta, Armstrong havia anunciado que deixou a presidência da fundação que criou em 2003, em que arrecada fundos para pesquisas contra o câncer e ajuda vítimas da doença.
“Tive a honra de ser o presidente dessa fundação nos últimos cinco anos e sua missão e êxito são as mais altas prioridades. Hoje, para evitar que a fundação sofra com efeitos negativos ligados à controvérsia em torno de minha carreira como ciclista, ponho fim às minhas funções de presidente”, explicou Armstrong em um comunicado no site da Livestrong. Sobre o fim da longa parceria com a Nike, ele ainda não se manifestou.
O ex-ciclista foi banido do esporte por toda a vida pela Usada no final de agosto e agora aguarda a posição da União Ciclista Internacional (UCI) sobre a possível retirada de seus títulos, solicitada pela entidade americana.
COMITÊ OLÍMPICO ATRASA DECISÃO SOBRE RETIRADA DE MEDALHA
O Comitê Olímpico Internacional anunciou nesta quarta-feira que vai atrasar a decisão sobre a retirada da medalha de bronze que Lance Armstrong conquistou em Sydney-00.A indefinição do COI, que vai aguardar a decisão da UCI, foi justificada pelo fato da entidade não saber se Armstrong deveria ter sido suspenso do esporte antes ou depois de 2000. O vice-presidente do COI, Thomas Bach, aconselhou Armstrong a assumir sua responsabilidade.“Seria de interesse do esporte e dele. Ajudaria a limpar e a ter novas medidas preventivas em casos assim no futuro”, disse. O COI também analisa possível retirada do bronze de Levi Leipheimer em Pequim-08. O norte-americano foi um dos 11 ex-companheiros de Armstrong que testemunhou à Usada admitindo doping e na última semana recebeu suspensão de seis meses. Nesta terça, a equipe Omega Pharma-QuickStep anunciou sua demissão.Fonte: Esporte UOL
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