quinta-feira, 13 de junho de 2013

Protesto contra aumento das passagens tem mais de 100 detidos em São Paulo


Mais de 100 pessoas, segundo a Polícia Civil, foram levados para 78º Distrito Policial para averiguação  - antes e durante o protesto - durante o quarto dia de protesto contra o aumento da tarifa de transporte público na capital paulista. 



A maioria foi detida pela Polícia Militar (PM) na região do centro enquanto se dirigia para o local do ato, o Theatro Municipal. Ainda segundo a Polícia Civil, as pessoas detidas estavam sendo todas liberadas e não havia registro de presos até o meio da noite.

A polícia informou que a maioria dos jovens foram presos por estarem com vinagre (usado para diminuir o ardor nos olhos pelo gás lacrimogêneo), coquetel molotov e objetos suspeitos nas imediações do protesto. Antes da passeata começar, os policiais entraram em confronto com os jovens e membros da imprensa foram agredidos. O repórter da revista Carta Capital Piero Locatelli foi levado pela polícia e pelo menos outros dois, um da TV Folha e outro do jornal Metro, foram agredidos . A Secretaria de Segurança Pública São Paulo informou que os detidos foram levados para um ônibus da PM parado perto do teatro. No início da noite, Locatelli foi liberado pela polícia.

Renan Truffi
Manifestantes reunidos no centro de São Paulo, nesta quinta-feira
Após muita confusão na concentração, os manifestantes iniciaram a passeata por volta das 18h30 saindo do Theatro Municipal em direção à avenida Paulista, pegando a Barão de Itapetininga e a rua da Consolação. Para tentar impedir que os manifestantes tomassem o sentido centro da rua da Consolação, os policiais dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve correria e os grupos se dispersaram para a rua Augusta e para a Praça Roosevelt, onde ocorreram novos confrontos.
Na Augusta, o grupo de jovens tentou chegar até a avenida Paulista, mas após ser impedido novamente pela polícia, foi para a rua Bela Cintra. Após percorrer outras ruas, o grupo finalmente conseguiu chegar até a avenida Paulista, por volta de 20h20, mas já sem a força inicial. O que sobrou foram relatos de prisões indevidas e abuso policial.
O estudante de geografia Tiago Gomes disse que ficou mais de quatro horas detido por ter vinagre na mochila. “O vinagre era para tentar me proteger do gás lacrimogêneo”, disse o rapaz, que nos outros três protestos promovidos pelo Movimento Passe Livre (MPL) foi atingido pelas bombas com a substância lançadas pela polícia. Levado para a delegacia no final da tarde, ele só pode sair depois das 20h.
Morador do Capão Redondo, periferia da zona sul paulistana, Jhonilton Sousa disse que foi abordado no Largo São Francisco por policiais militares. Ao revistarem a mochila do jovem de 22 anos encontraram um cartaz de cartolina contra o aumento das passagens e uma jaqueta do movimento punk, com o símbolo da anarquia. “Ai ele disse: a não, anarquia, não. E me levou preso”, relatou o jovem, que ficou mais de três horas na delegacia.
A história é semelhante da contada pelo jornalista Marcel Buono, de 23 anos. Ao chegar na Estação Anhagabaú do Metrô ele foi abordado por policiais. “Logo na saída tinha uma fileira de policiais fazendo revista”, disse. Os PMs encontraram na mochila uma câmera de vídeo que o rapaz pretendia usar para filmar o protesto para um blog de cobertura colaborativa montado com amigos. Macel disse que os policiais foram truculentos na abordagem. “Colocaram dentro do ônibus [para levar para a delegacia] e tinha que sentar em cima da mão. Disseram que se tirasse a mão ia ser encarado como uma agressão”, relatou o jovem, que também só foi liberado após as 20h.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou novamente nesta quinta-feira (13)  a possibilidade de reduzir as tarifas de ônibus, trens e Metrô pelos próximos 45 dias no Estado, conforme sugestão feita pelo Ministério Público, por intermédio do promotor de Habitação e Urbanismo, Maurício Lopes. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu à Polícia Federal que acompanhe os protestos e ofereceu ajuda ao governo do Estado.
Em nota, a Anistia Internacional pediu uma solução pacífica para os protestos. A organização representa mais de 3 milhões de membros e ativistas que atuam globalmente para proteger os direitos humanos.
Na última terça-feira, cerca de 10 mil manifestantes protestaram nas regiões da avenida Paulista e no centro de São Paulo . Segundo a polícia, houve ao menos 20 prisões e três policiais foram feridos. Cinco agências bancárias foram depredadas e vários ônibus foram pichados e quebrados. Os manifestantes acusam os policiais de agressões e prisões indevidas.
Protestos da semana passada
Cerca de 2 mil pessoas participaram de cada um dos dois primeiros protestos do MPL contra o preço da passagem de ônibus em São Paulo. No primeiro, na quinta-feira (6), estudantes, trabalhadores e representantes de partidos políticos, caminharam do Vale do Anhangabaú, no centro da cidade, às avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, antes de chegar à avenida Paulista.
Gabriela Bilo/Futura Press
Protesto na Marginal Pinheiros, na última semana
Na ocasião, a Tropa de Choque dispersou os manifestantes, em sua maioria jovens na faixa dos 20 anos, com bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, dispersando os participantes do protesto em direção à avenida da Consolação. Os manifestantes jogaram cestas de lixo e fizeram barricadas no meio da Paulista.
Na segunda manifestação, na sexta (7), o grupo caminhou do Largo da Batata até a avenida Faria Lima, passou pela Eusébio Matoso, em frente ao shopping Eldorado, e entrou na Marginal Pinheiros, em direção à Cidade Universitária, pela faixa local, o que impossibilitou o trânsito dos carros.
* Com Agência Brasil

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