A greve dos professores das universidades federais completou ontem 50 dias. A paralisação iniciada em 17 de maio pode durar ainda além do dia 31 de julho. Os grevistas estão irritados com o Governo Federal que ainda não sentou para negociar.
Segundo o Ministério do Planejamento, uma nova reunião com os representantes dos docentes ainda não foi marcada por “falta de agenda” e não deve acontecer antes do final de julho. O órgão disse que a pauta dos professores é importante, mas afirmou que está negociando com mais de 30 entidades sindicais e que não é possível privilegiar uma agenda em função da outra.
“Não há nenhuma previsão de encerramento nem perspectiva de negociação”, lamenta José Torres Filho, vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Os técnicos administrativos da instituição também estão em greve.
Enquanto não há nenhuma definição para o impasse, a greve segue trazendo prejuízos, principalmente para os alunos. Nesta última semana, o comando de greve dos docentes e dos técnicos administrativos decidiu montar vigília e impedir o acesso de alunos aprovados no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para realizar as matrículas nos cursos que foram aprovados. A ação vai durar até o dia 9, data em que se encerra o período destinado às matrículas dos aprovados na 1ª chamada.
A instituição colocou na internet um sistema em que os aprovados podem acessar, fornecer seus dados pessoais e garantir a vaga. Após a greve, os estudantes serão convocados para formalizar o processo e assim, ter o ingresso à universidade garantido.
Além dos estudantes que foram até a instituição e perderam a viagem, há outros que estão se sentindo prejudicados. “Se torna prejudicial não só por adiar o semestre letivo, mas também por quebrar um raciocínio que vinha sendo construído durante o período, uma formação de conhecimentos. Quando voltarmos da greve esse raciocínio vai estar pela metade”, avalia Antônio Filho, aluno do 8º período de Engenharia Química da Ufersa.
Enquanto as aulas estão suspensas, ele aproveita para dar andamento às pesquisas que faz na bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Por esse lado estar sem aulas é bom porque a bolsa exige dedicação e há um prazo para os trabalhos serem concluídos”, completa o estudante.
O reitor interino da Ufersa, Praxedes Aquino, disse que todos ficam prejudicados, no entanto ele entende que as reivindicações são justas. “Temos que esperar que a situação seja resolvida o mais rápido possível e que se encontre um denominador comum e que acabe logo essa situação que é estressante para todos”, destaca.
CALENDÁRIO – As aulas na Ufersa foram suspensas após 2/3 do semestre com 100 dias letivos ter sido cumprido. “O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) decidiu suspender, pois tinham professores, contrários à greve, dando aula normalmente. E isso seria um prejuízo grande para os alunos, principalmente os de outras cidades, terem que vir assistir uma aula ou outra”, completa Praxedes, acrescentando que o Consepe vai definir, em reunião, como ficará o calendário uma vez terminada a greve.
Fonte: Gazeta do Oeste
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