O Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou nesta sexta-feira a retirada de alguns funcionários da capital da Síria, Damasco, e a suspensão de parte de suas operações na cidade de Aleppo, por causa da escalada dos confrontos entre as forças de segurança e os rebeldes que querem o fim do regime de Bashar Al-Assad.
Rebeldes esperam combates ainda mais violentos em Aleppo, onde o regime prepara um pesado reforço militar na tentativa de retomar o controle da cidade. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um grande combate é "iminente". “A situação está mudando muito, estamos usando a palavra ‘fluida’. É uma verdadeira montanha-russa”, afirmou um diplomata ouvido pela Associated Press. “As pessoas estão morrendo, crianças estão sendo assassinadas.”
O porta-voz da Cruz Vermelha em Genebra, Hicham Hassan, não especificou quais atividades serão suspensas em Aleppo. Segundo ele, grande parte dos funcionários em Damasco serão transferidos temporariamente para o Líbano.
“Isso não significa que estamos suspendendo nossas atividades, especialmente no momento em que as necessidades aumentam”, afirmou, acrescentando que 50 funcionários continuarão na capital. “Os demais voltarão no momento apropriado.”
Nas últimas semanas, Damasco e Aleppo, as duas maiores cidades sírias, vêm registrando alguns dos mais intensos e constantes confrontos desde o início da revolta contra Assad, em março do ano passado.
Segundo ativistas, ataques com helicópteros e armamento pesado foram registrados nas áreas leste e oeste de Aleppo nesta sexta-feira. O chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que tem sede em Londres, disse que os reforços militares já estão se posicionando pela cidade. “Acredito que o ataque começara hoje”, afirmou Rami Abdul-Rahman.
A secretária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que tanto as forças do regime quanto os rebeldes estão cometendo crimes de guerra e crimes contra a humanidade em várias cidades.
Segundo ela, há relatos de execuções de civis por parte das forças de segurança em Damasco, enquanto também são frequentes os relatos sobre opositores torturando e executando prisioneiros.
“O uso de armamento pesado, tanques, helicópteros de ataque e, segundo relatos, até aviões de guerra em áreas urbanas já mataram muitos civis e estão colocando muitos outros em risco”, afirmou, em comunicado lido por seu porta-voz, Rupert Colville.
Também nesta sexta-feira, o ex-chefe da missão observadora da ONU na Síria disse que a queda de Assad é “apenas uma questão de tempo”.
“Na minha opinião, é só uma questão de tempo até que caia um regime que usa armamentos pesados e violência desproporcional contra a população civil”, disse o major Robert Mood, que deixou a Síria na semana passada.
Em meio à violência, a agência oficial turca afirmou que uma parlamentar de Aleppo fugiu para a Turquia em protesto contra a violência contra a população. Se a informação for confirmada, Ikhlas Badawi será a primeira integrante do novo Parlamento, eleito em maio, a desertar.
Em janeiro, o parlamentar Imad Ghalioun deixou o país e se uniu à oposição, denunciando violações aos direitos humanos. Ele era de Homs, que na época estava sendo submetida a ataques diários das forças de segurança.
Com AP, BBC e Reuters
Fonte: Último Segundo
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