Durante uma visita a Moscou, Abdelbaset Sieda, líder do Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal facção opositora ao regime de Bashar al-Assad, criticou fortemente a posição da Rússia em relação ao conflito no país árabe.
"A população síria está sofrendo por causa da Rússia, pela posição que tomou, por causa de seu veto no Conselho de Segurança da ONU", disse Sieda em uma coletiva horas depois de reunir-se com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
A Rússia se opõe a uma intervenção internacional no conflito que, segundo ativistas, deixaram mais de 17 mil mortos desde o início de um levante popular contra o governo, em março do ano passado. Juntamente com a China, a Rússia usou seu poder de veto duas vezes no principal organismo das Nações Unidas para bloquear resoluções de condenação ao regime de Assad.
Sieda também disse que o CNS está reivindicando que "todos os representantes do regime governista" na Síria renunciem, afirmando que nenhum diálogo com o regime será possível até que Assad deixe o poder.
"A melhor solução seria uma intervenção autorizada pelo Conselho de Segurança com a participação da Rússia", disse Seida. O líder do CNS também argumentou que as consultas políticas e as negociações "dão tempo adicional a Assad para esmagar pela força a revolução".
Lavrov, por sua vez, pediu que o CNS dialogue com as autoridades sírias para acertar os "prazos e parâmetros de um processo de transição". "Em várias ocasiões manifestamos a necessidade do fim imediato da violência e do início de um diálogo com a participação do governo e de todos os grupos opositores", disse o ministro russo.
Lavrov insistiu que "os próprios sírios devem decidir o destino de seu país". Após lembrar que a Rússia já tinha mantido contatos de trabalho com o CNS, o chanceler russo considerou positiva a reunião desta quarta e disse que ela ocorreu num "período de grande responsabilidade para a Síria".
Na terça-feira, a Rússia circulou entre os membros do Conselho de Segurança da ONU um esboço de resolução para estender a missão da ONU na Síria por três meses, para que possa mudar o foco da atual observação de uma trégua inexistente para a busca por uma solução política para o conflito.
O conselho, bastante dividido, deve decidir o futuro da missão, conhecida como UNSMIS, antes de 20 de julho, quando termina o mandato inicial de 90 dias. O enviado internacional de paz Kofi Annan deve apresentar ao conselho suas visões sobre a situação na Síria nesta quarta-feira.
O esboço da resolução russa não deve agradar aos EUA e aos membros do conselho europeu, que cobram a implantação de uma resolução sob o Capítulo 7 da Carta da ONU, que permite ao Conselho de Segurança autorizar ações desde a diplomacia e sanções econômicas à intervenção militar.
As consultas em Moscou entre as autoridades russas e o principal grupo opositor sírio coincidiram com o envio de uma pequena frota de navios de guerra russos para o Mar Mediterrâneo com destino ao porto sírio de Tartus, onde Moscou mantém sua única base naval de apoio no Oriente Médio.
Na terça-feira, quatro navios da frota russa do Mar do Norte (o destróier Admiral Chabanenko e três unidades de desembarque) zarparam da base de Severomorsk, no Mar de Barents, em direção ao Mediterrâneo.
Fontes navais russas indicaram que a essa pequena frota se juntará a embarcação Yaroslavl Mudri, da frota russa do Mar Báltico, e outras unidades de apoio. Nesta quarta, fontes militares russas citadas pela agência Interfax comunicaram que o navio de desembarque César Kunikov, da frota do Mar Negro, com uma unidade de fuzileiros, zarpou rumo ao Mediterrâneo e atracará no porto sírio de Tartus.
Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, a missão da pequena frota russa no Mediterrâneo é a realização de "manobras conjuntas" entre as embarcações das três unidades.
*Com AP, EFE e Reuters
Fonte: Último Segundo
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