A procuradoria-geral de Budapeste anunciou nesta quarta-feira que o suposto criminoso de guerra nazista Laszlo Csatary, de 97 anos, foi detido na capital húngara. Segundo um comunicado da promotoria, o detido foi interrogado e acusado de crimes de guerra por sua participação no Holocausto.
Os promotores acusaram Csatary pela "tortura ilegal de seres humanos", crime de guerra que tem como pena máxima a prisão perpétua. As autoridades judiciais húngaras começaram o procedimento para que ele seja posto em prisão domiciliar e para que seu passaporte seja confiscado.
As autoridades húngaras prestaram atenção no caso de Csatary após terem sido avisadas pelo Centro Simon Wiesenthal (CSW) em setembro. A promotoria reconhece que, em outubro, foi confirmada a identidade do acusado, que vivia com seu nome real em Budapeste havia 15 anos. O CSW de Jerusalém responsabiliza Csatary pelo envio de mais de 15 mil judeus ao campo de extermínio de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Em outubro de 1944, um golpe de Estado levou ao poder na Hungria o partido de orientação fascista Cruz de Flecha, que serviu incondicionalmente aos interesses do regime de Adolf Hitler. Cerca de 450 mil judeus húngaros foram assassinados desde 1944 em diversos campos de extermínio. Csatary supostamente dirigiu nesse ano um acampamento nazista em Kosice, no leste do que atualmente é a Eslováquia.
Segundo dados da Justiça do Canadá, onde o suspeito viveu exilado com nome falso até 1997, Csatary supervisionava a elaboração de listas de habitantes e a busca de judeus residentes em Kosice. A polícia húngara transferia os judeus a um gueto estabelecido em abril de 1944, de onde eram enviadas a Auschwitz sob a supervisão direta de Csatary.
O acusado fugiu de Kosice em 1945 após a chegada dos aliados, e foi condenado à revelia à morte pela Justiça da então Checoslováquia. No entanto, ele conseguiu fugir em 1949 para o Canadá, onde chegou como um suposto refugiado iugoslavo, e adquiriu a nacionalidade canadense em 1955.
Em 1997, as autoridades do país tiraram sua nacionalidade ao descobrir que ele havia mentido sobre seu passado. Antes de ser deportado, Csatary deixou o Canadá e se mudou para Budapeste, onde viveu com seu nome original sem problemas, apesar de a Justiça canadense o ter identificado como um suposto criminoso nazista.
O Centro Simon Wiesenthal de Jerusalém informou em setembro que Csatary estava na capital húngara, mas apenas no último domingo foram divulgadas imagens dele na cidade, veiculas pelo jornal britânico The Sun. Após receber pressões e críticas internacionais, a Justiça húngara entrou em ação.
Tibor Ibolya, promotor em Budapeste, disse que Csatary recontou para as autoridades suas atividades na época do Holocausto, dizendo que seguia ordens e cumpria seu dever. "O suspeito negou ter cometido os crimes", disse.
*Com EFE, AP e AFP
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