sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Hospital despeja urina radioativa nos esgotos de Paris


Um hospital francês especializado no tratamento do câncer despejou nos esgotos de Paris 14 mil litros de urina radioativa de pacientes internados que fazem radioterapia. A urina dos pacientes do Instituto de Cancerologia Gustave-Roussy, nos arredores de Paris, deveria ter sido progressivamente descontaminada antes de ser lançada nos esgotos da capital. 


Mas houve um vazamento em um dos reservatórios que estocam a urina dos doentes e ela acabou sendo lançada no esgoto antes do processo de descontaminação.

A urina radioativa percorreu dez quilômetros da rede de esgotos de Paris antes de ser enviada a uma estação de tratamento de esgotos na periferia da capital.

Impacto

"Assim que constatamos o vazamento, alertamos a Autoridade de Segurança Nuclear (ASN)", informa o Instituto Gustave-Roussy, em Villejuif, considerado uma referência no tratamento do câncer na França e também na Europa.

A ASN, que investiga o incidente, declarou que a urina continha uma concentração de iodo 131 – elemento radioativo normalmente utilizado em radioterapias de cânceres da tireoide – acima do limite autorizado.
Para a autoridade governamental, responsável por prevenir riscos ligados à radioatividade, a urina contaminada não ocasionou um impacto importante em termos de segurança. "O índice de radioatividade ficou acima dos níveis regulamentares, mas sem registrar perigo", diz a ASN.

'Repetição'

A autoridade classificou o incidente como nível um na escala internacional INES, de gravidade de acidentes nucleares. A escala vai de zero a sete (somente a explosões da central de Chernobyl, na Ucrânia, e de Fukushima-1, no Japão, atingiram até hoje o nível sete).

Leia também: Água contaminada vaza ao mar em Fukushima, no Japão

A ASN afirma que a decisão de classificar o incidente em nível um é devida à "repetição" do problema e ao fato de que o instituto despejou a urina radioativa nos esgotos em vez de procurar soluções alternativas.

Segundo a ASN, o instituto Gustave-Roussy já havia registrado, em 2010, dois incidentes do mesmo tipo, ligados a vazamentos nas canalizações por onde circulam as urinas radioativas.

O hospital se comprometeu a criar um sistema de fiscalização e de gestão dos reservatórios de urina dos pacientes e estudar soluções alternativas de estocagem caso ocorra uma nova falha nos equipamentos.

Enquanto aguarda que o instituto de cancerologia tome providências, a ASN tem outro problema urgente para resolver na área médica: um pacote contendo uma fonte radioativa líquida de fluor 18 para uso hospitalar desapareceu.

O pacote, que deveria ter sido entregue por uma empresa de transportes ao Centro Hospitalar Universitário de Nîmes, no sul da França, sumiu em 19 de novembro durante o trajeto, informou a ASN nesta quarta-feira.

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