A Organização das Nações Unidas falhou em proteger os cidadãos do Sri Lanka durante a guerra civil que assolou o país até maio de 2009. As informações foram reveladas após documentos sigilosos de uma investigação internacional terem vazado a jornalistas. O conflito entre forças leais ao governo e separatistas da etnia tâmil deixou ao menos 100 mil mortos no país.
"Eventos no Sri Lanka mostram o fracasso das Nações Unidas em responder a alertas de agressões emitidos no estágio final da guerra civil", conclui um dos documentos.
Uma investigação conduzida pela ONU aponta que apenas nos últimos cinco meses de conflito cerca de 40 mil civis foram mortos. Os dois lados, exército e separatistas, são acusados de terem cometido crimes contra a humanidade durante a guerra, que teve início em 1983 e durou até a morte do líder do grupo Tigres de Libertação da Pátria Tâmil. Os rebeldes lutavam pela independência do território de minoria hinduísta no norte do país.
De acordo com os documentos, a entidade "falhou sistematicamente" em inúmeras áreas de conflito e deixou de proporcionar segurança para os civis envolvidos. As investigações questionam decisões tomadas por autoridades da ONU em retirar soldados de zonas de batalha em 2008.
"Acredito que deveríamos ter avançado para o norte e não ter recuado para o sul", disse Benjamin Dix, uma das autoridades presentes na missão das Nações Unidas no país. "Basicamente abandonamos a população, deixando-a sem proteção ou testemunhas", completa.
Relatos apontam que a população do norte do Sri Lanka foi utilizada como escudo humano pelos rebeldes Tigres do Tâmil ou recrutados à força para combater o exército oficial. "Nós imploramos para eles ficarem", disse um homem da etnia tâmil que se refugiou no Reino Unido e não quis revelar seu nome.
Autoridades da ONU se recusaram a comentar sobre os documentos vazados. Um oficial do painel que investiga as ações no Sri Lanka, porém, disse à rede BBC que a entidade planeja divulgar os erros cometidos durante o conflito no país para que todos possam "aprender" com os fatos.
Segundo o mesmo oficial, o momento é crucial, já que as Nações Unidas enfrentam problema semelhante na guerra civil da Síria e até o momento não encontrou respostas para proteger a população durante o conflito.
Com BBC
Fonte: Último Segundo
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