quarta-feira, 3 de abril de 2013

Crise da Coreia do Norte 'foi longe demais', diz secretário-geral da ONU


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta terça-feira que a crise envolvendo a Coreia do Norte foi longe demais e que a solução depende do diálogo. "Ameaças nucleares não são um jogo. A retórica agressiva e o exibicionismo militar só resultam em contra-ações e alimentam medo e instabilidade", disse o sul-coreano durante visita oficial a Andorra.

Reuters
Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, dá coletiva em Andorra, onde pediu que diálogo resolva crise na Península Coreana

Nos últimos dias, o regime comunista norte-coreano ameaçou travar uma guerra contra a Coreia do Sul e usar armas nucleares contra o território dos EUA, mas na terça o jovem líder Kim Jong-un pareceu abrandar essa retórica ao insistir no caráter dissuasivo do seu arsenal nuclear. "Nosso poder nuclear é um meio confiavél de impedir uma guerra e uma garantia de proteção de nossa soberania", disse Kim em um discurso proferido na reunião do comitê central do governista Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.
"As coisas devem se acalmar, já que essa situação, agravada pela falta de comunicação, pode levar a um caminho que ninguém desejaria seguir", disse Ban, oferecendo ajuda às partes para iniciar um diálogo.
"Estou convencido de que ninguém pretende atacar (a Coreia do Norte) por causa de discordâncias a respeito do seu sistema político ou política externa. No entanto, temo que outros respondam firmemente a qualquer provocação militar direta", disse. Ele também pediu às autoridades norte-coreanas que respeitem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
As declarações de Ban foram feitas depois de a Coreia do Norte prometer que reativará todas as instalações nucleares , incluindo uma unidade de enriquecimento de urânio e o reator de seu principal complexo nuclear, de Yongbyon, fechado em 2007. O anúncio ocorreu um dia após um porta-voz do Departamento Geral de Energia Atômica do país ter dito que o governo pretende fazer com que a capacidade bélica nuclear norte-coreana seja "expandida e elevada quantitativa e qualitativamente".
AP
Reprodução de TV de 27/06/2008 mostra torre de resfriamento antes de sua demolição no reator de Yongbyon, Coreia do Norte
Aliada do regime de Pyongyang, a China lamentou o anúncio. A medida norte-coreana é o mais recente passo na escalada da tensão na Península Coreana após a realização do terceiro teste nuclear de Pyonyang em fevereiro. Na segunda-feira, o Parlamento da Coreia do Norte aprovou a expansão do programa nuclear do país, dando maior ênfase ao uso desse tipo de armamento em sua estratégia de defesa nacional.
No sábado, o país declarou estar em " estado de guerra " com o Sul - levando o vizinho a indicar publicamente que dará uma " forte resposta " a agressões promovidas pelo Norte.
Pyongyang começou a fazer as atuais ameaças contra Seul após a aprovação de novas sanções contra o país pelo Conselho de Segurança da ONU em fevereiro, em resposta aos testes nucleares norte-coreanos. Os EUA também foram alvo de ameaças por causa daos exercícios militares conduzidos com os sul-coreanos anualmente.
Na segunda, o Parlamento norte-coreano, conhecido como a Assembleia Suprema do Povo da Coreia do Norte, "adotou de forma unânime uma orientação que dá maior ênfase às armas nucleares na defesa do país". Segundo a agência estatal KCNA, a lei aprovada classifica as armas nucleares do país como um "meio de defesa" que servem ao propósito de "administrar ataques retaliatórios às fortalezas de agressão até que o mundo esteja desnuclearizado".
No domingo, após uma rara reunião de cúpula emergencial, o Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia (o principal partido da Coreia do Norte) descreveu as armas nucleares como "a vida da nação".
Embora o país tenha aumentado sua retórica de guerra e ameaças nos últimos dias, poucos acreditam que a Coreia do Norte possa realmente colocar em prática um conflito bélico de fato.
Mesmo assim, o governo sul-coreano diz levar as ameaças do vizinho "muito a sério" mas, em Washington, um porta-voz do presidente americano, Barack Obama, disse que, "apesar da forte retórica que estamos ouvindo de Pyongyang, não estamos vendo mudanças na postura militar norte-coreana, tais como mobilizações em grande escala e posicionamento de forças".
*Com Reuters e BBC

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