segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Cabe a Israel iniciar cessar-fogo de conflito, diz líder do Hamas

O líder exilado do Hamas, Khaled Meshaal, disse nesta segunda-feira que o grupo islâmico não quer uma escalada da violência ou atrair tropas israelenses para uma incursão terrestre na Faixa de Gaza, mas que, se Israel quiser uma trégua, precisará iniciar um cessar-fogo porque "começou a guerra". "Quem começou a guerra deve terminá-la", disse.




AP
Fumaça e fogo são vistos de explosão em organização de mídia na Cidade de Gaza (19/11)

Em uma coletiva no Cairo, onde ocorrem negociações para tentar alcançar o fim das hostilidades, Meshaal rejeitou as demandas de Israel de que o grupo pare de lançar foguetes contra o território israelense. Em vez disso, afirmou, Israel deve atender os pedidos do Hamas de levantar o bloqueio imposto a Gaza desde que o Hamas assumiu o controle do território, em 2007.

Meshaal afirmou que Gaza está "inabalável perante as máquinas de destruição de Israel". "Quem quer que ataque a Palestina será morto e enterrado", acrescentou. "É um momento difícil, mas é um momento glorioso na história da população palestina."

As declarações foram feitas no sexto dia da ofensiva israelense contra o enclave palestino, com ataques aéreos que atingiram áreas povoadas e mataram um militante graduado da Jihad Islâmica em um centro de mídia, elevando para 96 o número de mortos, incluindo 50 civis, desde quarta-feira. Segundo o funcionário de saúde Ashraf al-Kidra, os ataques deixaram 720 feridos, incluindo 225 crianças.

Segundo CNN, o Hamas deu nesta segunda suas condições para um cessar-fogo tendo como intermediário uma autoridade do Egito. Uma delegação especial israelense recebeu a carta no Cairo do chefe de inteligência Mohamed Shehata, disse um general egípcio à rede de TV americana. "Estamos otimistas com as negociações até esse momento", afirmou.

Ainda não há detalhes sobre os termos das condições nem uma confirmação imediata da existência da carta por Israel.


AP
Pessoas são vistas em frente de prédio de organização de mídia na Cidade de Gaza (19/11)

Em uma escalada de sua campanha de bombardeios, Israel começou no domingo a atacar casas de ativistas do Hamas. No domingo, um único ataque matou ao menos 11 civis, em sua maioria mulheres e crianças de uma mesma família. Do lado de Israel, três civis morreram por um foguete na quinta-feira.

Foguetes interceptados
O Exército israelense afirmou ter atacado 80 locais durante a madrugada desta segunda, incluindo casas de militantes do Hamas, depósitos de armamentos e delegacias de polícia, elevando a 1.350 o total de locais bombardeados desde quarta-feira.

Houve também disparos esporádicos de Gaza em direção ao território israelense, mas não há relatos de danos materiais ou vítimas. Segundo o Exército de Israel, centenas de foguetes foram disparados pelos militantes palestinos nos últimos dias em direção ao território israelense, e cerca de um terço deles foi interceptado pelo sistema israelense de defesa antimísseis.

A violência na região se intensificou na quarta, após a morte do comandante militar do Hamas, Ahmed Jabari , em um ataque aéreo israelense. Israel afirma que a morte de Jabari e o bombardeio a Gaza são respostas aos disparos de foguetes por militantes palestinos contra seu território.

Pressão
A intensificação dos bombardeios israelenses no fim de semana aumenta a pressão internacional por um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou sua ida ao Cairo, no Egito, para participar de negociações lideradas pelo governo egípcio para um possível acordo.

Na noite do domingo, Ban pediu que os dois lados interrompam imediatamente a violência. O premiê israelense, Biniyamin Netanyahu, afirmou no domingo que Israel estava pronto para "expandir" a operação em Gaza.

Primeiro-ministro: Israel está preparado para expandir operação em Gaza

Israel aprovou no fim de semana a convocação de até 75 mil reservistas , aumentando os rumores sobre uma possível invasão terrestre a Gaza. Até esta segunda-feira, 31 mil reservistas já haviam sido efetivamente convocados - quase o triplo do número de reservistas incorporados ao Exército durante o conflito de 2008-2009, quando o Exército israelense invadiu a Faixa de Gaza.

O presidente do Egito, Mohammed Morsi, afirmou que uma eventual invasão israelense a Gaza teria "repercussões graves" e afirmou que isso não seria aceito pelo Egito "nem pelo mundo livre". A Liga Árabe, que realizou uma reunião de emergência no domingo para discutir a violência na região, anunciou o envio de uma delegação ao território palestino nesta terça-feira.

*Com BBC, Reuters e AP

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