quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mordomo roubou documentos que papa queria destruir, diz polícia


O ex-mordomo do papa Bento 16, Paolo Gabriele, tinha milhares de documentos oficiais do Vaticano, incluindo alguns que o pontifíce queria destruir, informou a polícia nesta quarta-feira, em depoimento durante o julgamento do escândalo conhecido como Vatileaks.

"Eles (os documentos) não estavam todos em um só lugar. Estavam escondidos entre milhares de páginas", disse o policial Stefano De Santis, um dos agentes que revistaram a casa de Gabriele, ao tribunal. Alguns papéis, disse De Santis, tinham a caligrafia do papa, que havia escrito "para serem destruídos".
AP
Paolo Gabriele (direita) participa de audiência em tribunal no Vaticano (29/09)

No terceiro dia do processo, realizado com base no Código Penal italiano do século 19, membros da pequena força policial da Santa Sé disseram que o roubo de documentos criptografados havia comprometido algumas operações do Vaticano.
Eles também disseram ter encontrado instruções que Gabriele tinha impresso sobre como ocultar arquivos em computadores e como usar celulares de forma secreta.
Membros do Corpo de Gendarmerie afirmaram que muitos recortes de jornais, livros e muitos outros materiais apreendidos na busca no apartamento de Gabriele mostraram que ele era fascinado por ocultismo, lojas maçônicas, serviços secretos e os recentes escândalos do Vaticano e da Itália.
A série de documentos incriminatórios inclui cartas pessoais entre cardeais, o papa e políticos sobre uma variedade de assuntos. De Santis disse que a busca trouxe à luz "muitos outros" papéis dos que apareceram em um livro escrito por um jornalista italiano que denunciou a suposta corrupção no Vaticano.
"Você pode entender o nosso desconforto quando vimos esses documentos. Esta foi uma total violação da privacidade da família papal", disse, usando um termo do Vaticano para os assessores mais próximos do papa, que o servem em seus aposentos privados.
Policiais que depuseram na audiência de quarta-feira, também refutaram as acusações de Gabriele, feitas na terça-feira, de que foi maltratado por várias semanas depois de sua prisão. O julgamento foi adiado até sábado, quando a acusação e a defesa irão finalizar e os três juízes deverão chegar a seu veredicto.
Gabriele, que diz ter copiado os documentos porque o papa estava sendo "manipulado" , corre o risco de pegar até 4 anos de prisão, se for condenado. Mas é amplamente esperado que o papa o perdoe.
Com Reuters

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