A polícia do Egito lançou gás lacrimogêneo durante confrontos com 100 mil manifestantes que se reuniram perto do palácio presidencial de Itihadiya na capital egípcia, Cairo, de acordo com a TV local. O presidente Mohammed Morsi ficou no palácio enquanto os manifestantes se reuniam do lado de fora, mas deixou o local pela porta dos fundos quando o número de opositores aumentou, de acordo com um funcionário que falou sob condição de anonimato.
Os manifestantes se reuniram para protestar contra o decreto emitido no dia 22 por Morsi ampliando seus próprios poderes, colocando suas decisões e as da Assembleia Constituinte imunes a qualquer contestação judicial. O líder egípcio justificou sua decisão afirmando que o decreto tinha o objetivo de evitar que um Judiciário ainda dominado por membros indicados por Hosni Mubarak , deposto em fevereiro de 2011, tirasse dos trilhos uma transição política conturbada.
Além disso, também se opõem à aprovação às pressas do projeto da nova Constituição , que deve ser votado em referendo no dia 15 .
Para os opositores do primeiro presidente islamita do país, Morsi vem sendo "ditatorial". Entre os manifestantes estão jovens do movimento 6 de Abril, que ajudou a iniciar a revolta contra Mubarak, e o Partido da Constituição do Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
Por causa do protesto contra o decreto e o projeto constitucional, a segurança foi reforçada em torno do palácio presidencial com o envio de tropas de choque.
O chefe de Estado prometeu que seu decreto é temporário e tem como objetivo acelerar as reformas democráticas. Já a oposição acredita que o presidente passou a ter poderes "ditatoriais" e exige o cancelamento de seu decreto e do referendo.
O esboço da nova Casta, aprovado às pressas por uma comissão dominada por islamitas, é acusado de não proteger alguns direitos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão, e de abrir a porta para uma aplicação mais rigorosa da lei islâmica ( sharia ). Nesta terça-feira, o opositor e ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa, que se retirou da Assembleia Constituinte, disse que o texto não contém as liberdades que devem ser garantidas no século 21.
Para protestar "contra a tirania" e contra os artigos restritivos sobre a imprensa e as liberdades no projeto de Constituição, vários jornais independentes e da oposição não publicaram suas edições nesta terça. Os canais privados devem participar do protesto na quarta.
O Judiciário, proibido pelo presidente de contestar as suas decisões, está tão dividido quando o país. O Conselho Superior da Justiça decidiu na segunda delegar aos juízes a função de supervisionar o referendo, apesar do boicote de vários juízes, abrindo caminho para a realização da votação. As eleições devem de fato ser colocadas sob vigilância judicial no Egito.
O Clube de Juízes, um sindicato profissional que representa os juízes de todo o país, anunciou no domingo que boicotaria o referendo convocado por Morsi. E o Supremo Tribunal Constitucional se uniu ao Supremo Tribunal Federal e a outros tribunais do país na greve por tempo indeterminado para protestar contra a "pressão" dos islamitas.
De acordo com especialistas, a decisão do Conselho Superior de Justiça não é vinculativa, mas significa que os juízes estão dispostos a supervisionar o referendo.
Os islâmicos, que já tiraram o Exército da condução política, sentem que chegou o seu momento de moldar o futuro do Egito, um antigo aliado dos EUA, cujo tratado de paz com Israel é uma pedra angular da política de Washington no Oriente Médio.
Ele disse que a Constituição não era "de nenhuma maneira um texto perfeito" que todos tinham acordado, mas que um "consenso da maioria" favorecia o avanço com o referendo dentro de 11 dias.
A Irmandade Muçulmana, agora no poder por meio das urnas pela primeira vez em oito décadas de luta, quer proteger seus ganhos e parece estar pronta para superar os protestos de rua pelo que vê como uma minoria não representativa.
ElBaradei disse que Morsi deve rescindir seu decreto, abandonar os planos para o referendo e concordar com uma nova Assembleia Constituinte, mais representativa, para elaborar uma Constituição democrática.
Em um artigo de opinião publicado no Financial Times, ele acusou Mursi e a Irmandade de acreditar que "com algumas pinceladas de uma caneta, pode levar (o Egito) de volta ao coma".
*Com Reuters, BBC e AFP
De acordo com especialistas, a decisão do Conselho Superior de Justiça não é vinculativa, mas significa que os juízes estão dispostos a supervisionar o referendo.
Os islâmicos, que já tiraram o Exército da condução política, sentem que chegou o seu momento de moldar o futuro do Egito, um antigo aliado dos EUA, cujo tratado de paz com Israel é uma pedra angular da política de Washington no Oriente Médio.
Não há texto perfeito
O primeiro-ministro Hisham Kandil, um tecnocrata com simpatia pelos islâmicos, disse em uma entrevista à CNN: "Certamente esperamos que as coisas se acalmem depois que o referendo seja concluído."Ele disse que a Constituição não era "de nenhuma maneira um texto perfeito" que todos tinham acordado, mas que um "consenso da maioria" favorecia o avanço com o referendo dentro de 11 dias.
A Irmandade Muçulmana, agora no poder por meio das urnas pela primeira vez em oito décadas de luta, quer proteger seus ganhos e parece estar pronta para superar os protestos de rua pelo que vê como uma minoria não representativa.
ElBaradei disse que Morsi deve rescindir seu decreto, abandonar os planos para o referendo e concordar com uma nova Assembleia Constituinte, mais representativa, para elaborar uma Constituição democrática.
Em um artigo de opinião publicado no Financial Times, ele acusou Mursi e a Irmandade de acreditar que "com algumas pinceladas de uma caneta, pode levar (o Egito) de volta ao coma".
*Com Reuters, BBC e AFP
Fonte: Último Segundo
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