quinta-feira, 4 de julho de 2013

Presidente interino do Egito assume após Exército depor islamita Morsi

O chefe da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour , tomou posse como presidente interino do país nesta quinta-feira, um dia depois que o Exército depôs o chefe de Estado Mohammed Morsi , suspendeu a Constituição e anunciou novas eleições.

De acordo com um decreto militar, Mansour servirá como líder interino até que um novo presidente seja eleito. Uma data para a votação ainda não foi marcada. 
Na cerimônia transmitida ao vivo pela TV estatal, Mansour afirmou que a população egípcia lhe deu autoridade para "emendar e corrigir" a revolução popular de fevereiro de 2011, que derrubou o autocrata Hosni Mubarak . Segundo ele, o Egito havia "corrigido o caminho de sua revolução gloriosa" por meio de grandes protestos populares pedindo a renúncia de Morsi.
Mansour elogiou os protestos de rua em massa que levaram à queda de Morsi. Ele também cumprimentou os jovens por trás das manifestações iniciadas em 30 de junho, afirmando que eles personificavam "a consciência da nação, suas ambições e esperanças". "A coisa mais gloriosa sobre o 30 de junho é que uniu todos sem discriminação ou divisão", disse. "Ofereço meus cumprimentos à população revolucionária do Egito."
A dramática queda de Morsi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia  há pouco mais de um ano, marca outra reviravolta na crise que envolve a mais populosa nação árabe desde o levante popular de 2011. O líder deposto está em um local não especificado sob prisão domiciliar.
Pelo Twitter, o presidente deposto caracterizou na quarta sua deposição como um golpe militar e pediu que todos os cidadãos, civis ou militares, respeitem a Constituição e a lei. Ele também pediu que todos os egípcios "evitem um banho de sangue". 
Em meio à instabilidade econômica e política, a presença popular nas ruas deu ao general Abdul Fattah al-Sissi, chefe do Exército e ministro da Defesa, uma justificativa para impor na segunda um prazo de 48 horas para que o presidente aceitasse partilhar poderes com a oposição ou renunciar.
Perante a resistência de Morsi , o chefe do Exército anunciou que ele estava sendo deposto por ter ignorado as reivindicações de unidade nacional. Segundo ele, a decisão foi tomada após uma reunião com representantes da sociedade civil.
AP
Chefe judicial do Egito, Adly Mansour (C), é aplaudido durante cerimônia de posse como presidente interino
"Os que estavam na reunião concordaram com um mapa para o futuro que inclua passos iniciais rumo a obter a construção de uma sociedade egípcia forte, que seja coesa e não exclua ninguém, e acabe com o estado de tensão e divisão", disse em um pronunciamento transmitido ao vivo pela TV estatal.
Após a deposição de Morsi, Saad al-Katatni, líder da Partido Justiça e Liberdade (braço político da Irmandade Muçulmana), e Rashad al-Bayoumi, um de seus vices, foram presos. Nesta quinta, a promotoria anunciou que havia ordenado a prisão do líder máximo da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, e seu vice, Khairat el-Shater. Horas depois, fontes de segurança egípcias informaram que Badie foi preso na na cidade costeira de Marsa Matrouh.
Depois das revoltas populares da Primavera Árabe , em 2011, vários políticos de tendência islâmica assumiram o poder em seus países. Morsi é o primeiro deles a ser derrubado, e o fato despertará questionamentos em toda a região, especialmente na Tunísia.
Repercussão
Os EUA vinham apoiando as declarações de Morsi sobre sua legitimidade democrática, mas o pressionavam cada vez mais para partilhar poderes com seus adversários. O presidente Barack Obama expressou profunda preocupação com a deposição do presidente egípcio e pediu um rápido retorno a um governo civil democraticamente eleito.
Os EUA entregam 1,3 bilhão de dólares em ajuda militar ao Egito, e podem ser pressionados a impor sanções se houver a confirmação de que Morsi foi vítima de um golpe. A instabilidade no Egito já vinha causando grande preocupação entre aliados ocidentais do Cairo e em Israel, país com o qual o Egito estabeleceu um tratado de paz em 1979.
Na quarta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu calma e moderação no Egito, bem como a preservação de direitos como a liberdade de expressão e de reunião. "Muitos egípcios em seus protestos expressaram profundas frustrações e preocupações legítimas", disse em um comunicado que não condenava a deposição de Morsi.
"Ao mesmo tempo, a interferência militar nos assuntos de qualquer Estado é motivo de preocupação", disse. "Por isso, será fundamental reforçar rapidamente o governo civil de acordo com os princípios da democracia."
O mesmo apelo foi feito pela chefe de política externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton. "Peço a todos os lados que o processo democrático volte rapidamente, incluindo a realização de eleições presidenciais e parlamentares livres e justas e a aprovação de uma Constituição, de forma plenamente inclusiva, de modo a permitir ao país retomar e concluir sua transição democrática", disse 
A UE mantém "de forma inequívoca o compromisso de apoiar o povo egípcio em suas aspirações de democracia e governança inclusiva", disse Ashton.
*Com AP e Reuter

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