sexta-feira, 17 de maio de 2013

Fora da Copa América, Varejão foca recuperação e mira Mundial-2014


O ala-pivô Anderson Varejão está fora da Copa América da Venezuela-2013. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.net, o jogador do Cleveland Cavaliers confirmou que não terá condições físicas de defender a Seleção Brasileira no torneio. Vitimado por uma embolia pulmonar, ele não conseguiu nem sequer iniciar o processo de reabilitação física de uma cirurgia no quadríceps.

Sem Varejão, a equipe comandada pelo técnico argentino Rubén Magnano briga por uma das quatro vagas no Mundial da Espanha-2014 oferecidas na Copa América, com início previsto para agosto. Otimista, o representante do Brasil na NBA acredita no sucesso de seus companheiros na Venezuela. “Não tenho dúvidas de que a Seleção vai conseguir a classificação”, declarou o jogador.
Apesar de procurar adotar uma postura otimista, o capixaba de 30 anos não consegue disfarçar uma certa frustração pelas seguidas lesões ao longo das últimas temporadas. As contusões que antecederam a embolia pulmonar, doença com risco de morte, impediram o brasileiro de decolar na liga norte-americana com o sonho de participar de uma edição do Jogo das Estrelas.
Em São Paulo para participar de um evento ligado à NBA, Varejão torce pelo compatriota Tiago Splitter, que atualmente luta para ser o primeiro brasileiro a conquistar o título do torneio com o San Antonio Spurs. Ele diz não ter plano de deixar o Cleveland Cavaliers e torce pela chegada de um compatriota ao time através do draft.
Gazeta Esportiva.net – Você começou a temporada da NBA de forma promissora nas últimas temporadas, mas acabou atrapalhado por lesões e não decolou. Essa série de imprevistos chega a irritar?
Varejão – Já são três anos em que começo a temporada bem e tenho lesões estranhas e até estúpidas. Sofri uma contusão no pé quando estava correndo. Depois, tomei uma pancada na mão no lugar exato para trincar o osso. Agora, tive o problema no quadríceps em uma jogada boba e em seguida a embolia pulmonar. Mas temos que continuar seguindo adiante. Já sofri outras lesões antes dessas e superei todas. É hora de pensar na próxima temporada.

Gazeta Esportiva.net – Você está com 30 anos e acabou perdendo uma parte importante da carreira pelas lesões, que atrapalharam um possível e até provável chamado para o Jogos das Estrelas. É algo a se lamentar ou você procura não ficar pensando no passado? 
Varejão - A gente para para pensar e fala: ‘fazer parte de um All-Star Game seria uma oportunidade muito boa para a minha carreira e para o meu currículo’. Mas em primeiro lugar está a minha saúde e esse foi o nosso foco. O basquete é minha vida e meu trabalho, mas sem saúde não tem nada disso. Vou tentar melhorar cada vez mais e acho que no ano que vem vou poder brigar para quem sabe jogar um All-Star. Eu escutava elogios de muitos amigos e até de pessoas que não conhecia, como técnicos de outros times, dizendo que eu deveria jogar o All-Star. Isso me confortou um pouco.

Gazeta Esportiva.net – As lesões são normais na vida dos atletas, mas você chegou a correr risco de morte ao sofrer uma embolia pulmonar... 
Varejão - Não foi fácil. Eu operei o quadríceps e nos dias seguintes comecei a sentir uma dor muito forte nas costas. Como não tomei o analgésico depois da operação, estava doendo muito, mas isso foi bom, porque o medicamento poderia mascarar o problema. Quando fui tirar os pontos da cirurgia, contei a situação aos médicos e eles descobriram o coágulo no pulmão em uma tomografia. Já fiquei internado e passei três meses tomando anticoagulante.

Gazeta Esportiva.net – E agora qual é exatamente o seu estado físico? 
Varejão - Tive que ter muita paciência, porque estava em uma ótima temporada e não foi fácil aceitar. Tinha horas em que eu pensava: ‘por que eu de novo?’ Mas dos males o menor. A embolia é uma coisa que pode matar e eu estou aqui. Foi um susto muito grande. O foco meu e dos médicos foi tratar a embolia antes de qualquer coisa e já estou totalmente recuperado. Como estava tomando anticoagulante, não pude fazer exercícios físicos e estou praticamente na estaca zero quanto ao quadríceps.

Gazeta Esportiva.net – Qual é a sua programação agora? Qual é o próximo passo no sentido de prosseguir com a recuperação? 
Varejão - Estou seguindo o que os médicos me passaram. Dentro de aproximadamente um mês, vou começar todo o processo de fisioterapia mais forte, porque antes a única coisa que podia fazer era alongamento. Vou começar praticamente do zero, porque fiquei cinco meses parado. A data do retorno às quadras depende da minha resposta ao tratamento de fisioterapia.

Fernando Dantas/Gazeta Press
Depois de sofrer uma série de lesões, Anderson Varejão espera finalmente uma temporada livre de problemas
Gazeta Esportiva.net – Como é o comportamento dos dirigentes e dos torcedores do Cleveland em relação às suas lesões? 
Varejão – Sempre me apoiaram. É claro que existe uma frustração deles e minha de querer jogar, mas eles entendem e sabem que o mais importante é a saúde. Nunca sofri lesões crônicas, não foram problemas preocupantes para eles. São lesões estranhas que acontecem de vez em quando. Infelizmente, aconteceu comigo nos últimos três anos.
Gazeta Esportiva.net – A Copa América-2013, classificatória para o Mundial-2014, começa em agosto. Pelo que você contou, sua participação é inviável... 
Varejão - Com certeza. Infelizmente, é mais um motivo de tristeza na minha carreira não poder fazer parte da Seleção Brasileira por lesão outra vez. Com a embolia, tive que deixar um pouco de lado a recuperação do quadríceps.

Gazeta Esportiva.net – O técnico Rubén Magnano já está ciente da impossibilidade de te convocar para a Copa América? 
Varejão - Não sei, ainda não conversamos sobre isso. Vou falar com a CBB e com o Magnano, mas eles já imaginam pelo que vem acontecendo comigo. Já tinha avisado que seguiria o que os médicos de Cleveland me passassem, porque eles acompanharam todo esse processo de lesão e embolia.

Gazeta Esportiva.net – A Copa América oferece quatro vagas no Mundial. O Brasil não teve ter maiores problemas para se classificar, não é mesmo? 
Varejão - Eu acho que não. A chance de classificação é grande, mas em torneios rápidos, como a Copa América, você joga quase todo dia e o importante é que o grupo chegue bem, como chegou ao Pré-Olímpico da Argentina. O Magnano está fazendo um trabalho excelente e no ano que vem vamos jogar o Mundial, com certeza. Não tenho dúvidas de que a Seleção vai conseguir a vaga. O grupo é forte e muito unido. Vou ficar na torcida e vai dar tudo certo.

Fernando Dantas/Gazeta Press
O ala-pivô do Cleveland Cavaliers lamentou a impossibilidade de disputar a Copa América pela Seleção Brasileira
Gazeta Esportiva.net – Você chegou há pouco dos Estados Unidos. O que está achando das quartas de final da NBA? 
Varejão - Antes do início da temporada, eu apostava no Oklahoma e no Miami, mas o San Antonio está muito bem. Está tendo uma certa dificuldade contra o Golden State, mas é um time muito experiente. Se o San Antonio passar, vai fazer um confronto duro contra o Memphis no Oeste. Do outro lado, acredito no Miami mesmo. Está ficando cada vez mais interessante.
Gazeta Esportiva.net – Você tem alguma preferência? Talvez pelo San Antonio por causa do Splitter ou pelo Miami, do seu ex-companheiro LeBron... 
Varejão – É claro que torço pelo brasileiro! Pelo Tiago, com certeza. Espero que ele seja o primeiro brasileiro a ser campeão da NBA.

Gazeta Esportiva.net – Depois de uma passagem infrutífera pelos Lakers, o técnico Mike Brown retornou ao Cleveland. Você gostou da contratação? 
Varejão - Gostei. O Mike Brown é um bom técnico, que vai ser importantíssimo para esse time, um time novo. Ele é um cara muito detalhista, metódico, que vai pegar a molecada e ensinar, parando os treinamentos para explicar. Ele tem tudo para fazer um bom trabalho com a gente.

Gazeta Esportiva.net – E como você avalia a passagem do Byron Scott pelo comando da equipe? 
Varejão - Foi uma passagem boa. O time estava em uma fase de renovação, com as saídas do Lebron, do Zydrunas, do Sasha Pavlovic. Ele não teve um time na mão para pensar: esse time tem que chegar. Na medida do possível, fez um bom trabalho e deixou uma equipe com alguns jogadores novos, mas que já têm no mínimo dois anos de NBA. O Cleveland tem tudo para ir muito bem agora.

Fernando Dantas/Gazeta Press
Ala-pivô brasileiro quer companhia nos Cavs
Gazeta Esportiva.net – Quais são seus planos para o futuro? Pretende permanecer em Cleveland? 
Varejão - No momento, sim. Tenho mais dois anos de contrato e estou bem na equipe. O time está em ascensão, tem melhorado a cada ano que passa e conta com um grupo novo de jogadores que prometem muito. Em pouco tempo, acredito que vamos estar de novo brigando de igual para igual com todo o mundo.
Gazeta Esportiva.net – Você pode ganhar companhia de mais brasileiros na próxima temporada, já que alguns jovens devem participar do draft, como o Lucas Bebê e o Raulzinho. 
Varejão - Gostaria que pelo menos um deles fosse para Cleveland. Seria legal poder ajudar pelo menos um, mostrar o caminho das pedras e passar um pouco do que é a NBA, o que tem que você precisa fazer para se manter. Mesmo se eles não forem para Cleveland, posso fazer isso, mas seria bom se um deles jogasse comigo. Mandei mensagens a eles desejando sorte e falando que gostaria de tê-los como companheiros.

Gazeta Esportiva.net – As trajetórias do Scott Machado e do Fab Melo nesta temporada mostraram que não é fácil entrar na NBA. 
Varejão - Já é difícil chegar, mas o mais difícil é permanecer na NBA. Você tem que ter a cabeça boa, aproveitar as oportunidades e treinar muito. Precisa ser um dos que mais treinam, porque sempre tem alguém em algum lugar do mundo jogando basquete e pensando em pegar o seu lugar. Se uma pessoa a mais entra, já diminui as chances de você permanecer. O mais importante é escutar, fazer o que os técnicos pedem e ser responsável. Fazendo as coisas certas e não tendo lesões, a chance de se manter na NBA é grande.



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