Sarah Lois Vaughan (Newark, 27 de março de 1924 — Los Angeles, 03 de abril de 1990) foi uma cantora estadunidense de jazz, descrita por Scott Yanow como "uma das vozes mais maravilhosas do século 20".
Apelidada "Sailor" (por seu discurso salgado), "Sassy" e "A Divina", Sarah Vaughan foi ganhadora do Grammy e do NEA Jazz Masters, o "mais alta honra no jazz", atribuído pela National Endowment for the Arts em 1989.
A voz de Vaughan caracterizava-se por sua tonalidade grave, por sua enorme versatilidade e por seu controle do vibrato. Sarah Vaughan foi uma das primeiras vocalistas a incorporar o fraseio do bebop.
Asbury "Jake" Vaughan, pai de Sarah, era carpinteiro de profissão, bem como pianista e guitarrista amador. Sua mãe, Ada Vaughan, era lavadeira e cantora no coro da igreja.
Jake e Ada mudaram para Newark, no estado de Virgínia, durante a Primeira Guerra Mundial. Sarah era a única filha natural do casal, que na década de 60 adotou Donna, filha de uma mulher que viajou com Sarah.
Em uma casa na rua Brunswick, Sarah morou com sua família por toda infância Jake era profundamente religioso e a família, muito ativa na Igreja Batista Novo Monte Sião, na rua Thomas, 186. Aos sete anos de idade Sarah iniciou lições de piano. Era cantora no coro da igreja e, ocasionalmente, tocava em ensaios e serviços.
Sarah desenvolveu cedo um amor pela música popular, ouvindo gravações e rádio. Na década de 30, a cidade de Newark possuía um cenário musical ativo, e Sarah pode frequentemente ver bandas locais ou de turnê, tocando em lugares como a pista de patinação da rua Montgomery, Montgomery Street Skating Rink.[6] Na juventudade, Sarah começa a se aventurar, ilegalmente, em clubes noturnos da cidade, atuando como pianista e, algumas vezes, cantora. Entre os locais mais notáveis, o Piccadilly Club e o Aeroporto de Newark.
Inicialmente, Sarah estudava na Escola Secundária do Lado Leste de Newark, mas foi transferida para a Escola Secundária de Artes de Newark, fundada em 1931 como a primeira escola secundária especializada em artes. Porém sua atuação noturna começa a influenciar negativamente as atividades escolares, e, ainda nos primeiros anos, Sarah abandona a escola para se concentrar integralmente à música. Nessa época, ela e seus amigos já se arriscavam cruzando o Rio Hudson, em Nova Iorque, para ouvir a grandes bandas no Teatro Apollo.
Em 1944, Sarah gravou o tema famoso de Dizzy Gillespie, "Night in Tunisia", então intitulada "Interlude" e gravou ainda, ao lado do pai do bebop, Lover Man, tornando a gravação um clássico.
Início (1942–1943)
Biografias de Sarah frequentemente citam que ela foi imediatamente lançada ao sucesso após a performance vencedora na Noite de Amadores do Teatro Zeus. Na verdade, a história do biógrafo Renee, parece ser um pouco mais complexa. Sarah foi frequentemente acompanhada por seu amigo, Doris Robinson, em viagens a Nova Iorque. Em algum momento do outono de 42, quando Sarah tinha 18 anos, ela sugeriu que Doris entrasse no concurso da Noite de Amadores do Teatro Zeus. Sarah tocou piano acompanhando Doris, que ganhou o segundo lugar. Depois, Sarah então decidiu competir novamente, agora como cantora. Sarah cantou "Body and Soul" e ganhou, todavia a data exata da vitória ainda é incerta. O prêmio, que Sarah mais tarde recordou a Marian McPartland foi de 10 dólares e a promessa de um enganjamengo de uma semana no Apollo. Após considerável atraso, Sarah foi contatada pela Apollo na primavera de 1943 para abrir para Ella Fitzgerald.
Em alguma apresentação durante essa semana de apresentações no Apollo, Sarah foi apresentada a Earl Hines, líder de banda e pianista, embora os detalhes sobre o fato serem contestados. Billy Eckstine, na época cantor na banda de Earl, foi dito por Sarah e outros como quem a ouviu no Apollo e recomendou a Earl. Em contra partida, Earl diz tê-la descoberta sozinho e oferecido um emprego local. Fato é que, após alguns testes no Apollo, Earl substitui o cantor por Sarah, em 04 de abril de 1943.
Com Earl Hines e Billy Eckstine (1943–1944)
Sarah passou o resto de 43 e parte de 44 em turnê pelo país com a banda de Earl Hines, que tinha Billy Eckstine como barítono. Sarah foi contratada como pianista, supostamente Earl poderia a contratar pelo sindicato dos músicos (Federação Americana de Músicos) ao invés do sindicato dos cantores (Lei americana de diversos artistas), mas após Cliff Smalls ser contratado como tompetista e pianista, o trabalho de Sarah ficou exclusivo a cantar.
Por isso a banda de Earl Hines é lembrada como uma incubadora de bebop, que incluia o trompetista Dizzy Gillespie, o saxofonista Charlie Parker (tocando o saxofone tenor, não o saxofone alto, pelo qual ficou famoso mais tarde) e o trombonista Bennie Green. Dizzy Gillespie até arranjou um contrato para a banda, mas a união dos músicos vetou a banda gravar, deixando seu som e estilo para depois.
Billy Eckstine deixou a banda no fim de 43 para atuar como diretor musical em sua própria big band, formada com Dizzy Gillespie. Charlie Parker logo foi também, e, ao longo dos anos, a banda de Billy Eckstine teve um elenco impressionante de grandes nomes do jazz, entre eles: Miles Davis, Kenny Dorham, Art Blakey, Lucky Thompson, Gene Ammons e Dexter Gordon.
Sarah aceitou o convite de Billy Eckstine para fazer parte da banda em 1944, dando a ela oportunidade de desenvolver sua musicalidade com figuras épicas desta era do jazz. A banda também lhe proporcionou sua primeira gravação, em 5 de dezembro daquele ano, data em que produziu a música "I'll Wait and Pray" para o selo Deluxe. A música fez o crítico e produtor Leonard Feather convidá-la a quatro músicas solo pela Continental naquele mês, apoiada por um septeto que incluía Dizzy Gillespie e Georgie Auld.
O pianista da banda, John Malachi, é citado como quem a apelidou Sassy, dito concordante a sua personalidade. Sarah gostou, e o apelido, e sua variante Sass, foi constantemente utilizado entre amigos e, eventualmente, a imprensa. Em cartas, por vezes Sarah assinava Sassie.
Sarah deixou a banda de Billy Eckstine oficialmente no final de 1944 para lançar sua carreira solo. Todavia continuou muito próxima a Billy Eckstine, que gravou frequentemente ao longo de sua vida.
Início da carreira solo (1945–1948)
Sarah iniciou sua carreira solo em 1945 como freelancer em clubes da Rua 52 de Nova Iorque, tais como, Three Deuces, Famous Door, Downbeat, e o Onyx. Sarah também se apresentava na Braddock Grill, vizinha do teatro Apollo. Em 11 de maio de 1945, gravou a música Lover Man para o selo Guild, junto ao quinteto: Dizzy Gillespie, Charlie Parker, Al Haig no piano, Curly Russell no contrabaixo e Sid Catlett na bateria. Mais tarde naquele mês, ela entrou em estúdio com um entrosamento entre Dizzy e Charlie um pouco diferente, maior, que por fim, gravaram mais 3 faixas.
Após convidada pelo violonista Stuff Smith para gravar a música Time and Again em outubro, foi oferecido a ela um contrato para gravar pelo selo Musicraft, pelo próprio dono, Albert Marx. Porém ela não poderia gravar como principal pelo selo até 07 de maio de 1946. Neste intervalo, fez diversas gravações para a Crown and Gotham e tocava frequentemente no Cafe Society, um clube de integração racial no centro de Nova Iorque.
Lá, se tornou amiga do trompetista George Treadwell, que também tornou-se seu gerente. Sarah delegou a ele muito do trabalho de diretor musical de suas gravações, deixando-a livre para focar-se quase integralmente em cantar. Nos próximos anos George também fez mudanças positivas na aparência dela no palco. Além do guarda-roupa e cabelos melhorados, Sarah ajustou os dentes, tampando uma lacuna desagradável entre os dois dentes da frente.
Muitas das gravações de Sarah para a Musicraft em 1946 se tornaram bastante conhecidas entre os aficionados de jazz, e críticos, incluindo, "If You Could See Me Now" (letra e arranjo por Tadd Dameron), "Don't Blame Me ", "I've Got a Crush on You", "Everything I Have Is Yours" e "Body and Soul".
Com uma relação profissional sólida, Sarah e George se casam em 16 de setembro de 1946.
O sucesso das gravações de suas para a Musicraft continuou até 1947 e 1948. "Tenderly" se tornou um inesperado hit pop no final de 1947, e "It's Magic" (do filme de Doris Day, Romance on the High Seas), gravada em 27 de dezembro de 1947, encontrou sucesso nas paradas no começo de 1948. "Nature Boy", gravada em 8 de abril de 1948, tornou-se sucesso paralelamente ao lançamento do famoso Nat King Cole, da mesma música. Por outra proibição de gravação pela união dos músicos, "Nature Boy" foi gravada com um coro a cappella como único acompanhamento, acrescentando um ar etéreo para uma canção com uma letra e melodia vagamente mística.
O estrelato e os anos com a Columbia (1948–1953)
A união dos músicos quase levou a Musicraft a falência com suas proibições, e, com o pagamento de royalties atrasados, Sarah usou a oportunidade para assinar com uma gravadora maior, a Columbia. Após as resoluções judiciais, ela continua nas paradas de sucesso, com "Black Coffee", no verão de 49. Na Columbia, até 53, Sarah dedicou-se, quase exclusivamente, a baladas [Música_pop|pop] comerciais, entre grandes sucessos, como: "That Lucky Old Sun", "Make Believe (You Are Glad When You're Sorry)", "I'm Crazy to Love You", "Our Very Own", "I Love the Guy", "Thinking of You" (com o pianista Bud Powell), "I Cried for You", "These Things I Offer You", "Vanity", "I Ran All the Way Home", "Saint or Sinner", "My Tormented Heart" e "Time".
Sarah também teve substancial apreço da crítica. Ganhou o prêmio "Nova Estrela" de 47 da revista Esquire, assim como prêmios sucessivos da Down Beat, de 47 a 52, e da Metronome, de 48 a 53.
Parte da crítica não gostava de sua forma de cantar, diziam muito "estilizado", refletindo nas calorosas controvérsias sobre quais seriam as novas tendências musicais da época, finais dos anos 40. Porém, em geral, a recepção da crítica à jovem cantora era positiva.
O sucesso de suas gravações, aliada a boa crítica, levaram-a a inúmeras oportunidades, apresentando-se, quase continuamente, em clubes pelo país no final da década de 40 e início da década 50. No verão de 49, Sarah fez sua primeira apresentação com a orquestra sinfônica em um evento beneficente para a Orquestra da Filadélfia, entitulado, "100 Homens e uma Garota". Nessa época, o artista de Chicago, Dave Garroway, inventou um segundo apelido para ela, "A Divina", que seguiu-a durante a carreira. Uma de suas primeiras aparições televisivas foi no programa de variedades Stars on Parade, de 53-54, da rede de televisão DuMont, onde cantou "My Funny Valentine" e "Linger Awhile".
Com a melhora financeira, Sarah e George Treadwell compraram, em 1949, uma casa de 3 andares na avenida 21 Avon de Newark, ocupando o andar superior durante os seus, cada vez mais raros, momentos em casa, alocando os pais de Sarah nos andares de baixo. No entanto, as pressões do trabalho e os conflitos de personalidade, levaram o casal a um esfriamento na relação. George contratou um gerente para as necessidades de Sarah em sua turnê, e abriu um escritório em Manhattan, onde podia apoiar Sarah, trabalhando com clientes.
A relação com a Columbia também piorou por sua insatisfação sobre um material comercial, que teve de fazer, e sucesso medíocre de suas gravações. Um pequeno grupo de artistas, a parte, gravou em 1950 com Miles Davis e Bennie Green, que estão entre os melhores de sua carreira, mas são atípicos nos registros da Columbia.
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Fonte: Wikipédia
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