Um policial abriu fogo nesta segunda-feira contra forças americanas e afegãs dentro de uma delegacia na Província de Wardak, no leste do Afeganistão, causando um tiroteio que deixou dois soldados dos EUA e dois policiais afegãos mortos.
O atirador também foi morto, disseram autoridades. Além das vítimas fatais, dez americanos e 12 afegãos teriam ficado feridos no incidente, disse uma fonte de Defesa dos EUA sob condição de anonimato.
Em uma ação separada fora de Cabul, soldados americanos dispararam contra um caminhão que se aproximava de seu comboio militar, matando dois afegãos que estavam em seu interior.
O episódio de violência em Wardak é o mais recente de uma série de "ataques de dentro" lançados contra forças da coalizão e do Afeganistão que ameaçam minar sua aliança em um momento em que a cooperação auxiliaria numa transferência da segurança para as forças locais no próximo ano.
O ataque também acontece um dia depois de expirar o prazo imposto pelo presidente Hamid Karzai para que forças especiais americanas deixassem a província após alegações de que os afegãos que trabalham com elas estavam envolvidos em comportamento abusivo. Karzai lhes deu duas semanas para partir, prazo que terminou no domingo.
O ataque de Wardak é o terceiro "ataque de dentro" deste ano. Na sexta, soldados afegãos abriram fogo contra forças dos EUA em uma base conjunta no leste do Afeganistão, matando um segurança privado americano e ferindo quatro soldados dos EUA.
Em 2012, as forças de coalizão foram alvo de 46 "ataques de dentro" que mataram 64 soldados e feriram outros 95. Segundo uma contagem da Associated Press, até essa mesma época no ano passado houve oito ataques desse tipo. Em 2011, 21 episódios similares deixaram 35 mortos.
Reação aos comentários de Karzai
No domingo, o principal general americano no Afeganistão expressou consternação após Karzai sugerir que Washington se beneficiava dos ataques da milícia islâmica do Taleban no país asiático.
As declarações de Karzai, feitas durante a primeira visita do novo secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, tensionam ainda mais os já desgastados laços entre o presidente afegão e os seus aliados ocidentais que lutam para proteger o Afeganistão dos insurgentes.
Os EUA ainda têm 66 mil homens no Afeganistão (há dois anos eram quase 100 mil). Washington pretende retirar a maior parte deles no fim do ano que vem, mas quer negociar a presença de um número menor de soldados.
Falando um dia depois de ataques a bomba do Taleban deixarem 17 mortos, Karzai afirmou que os atentados serviam ao objetivo de Washington de tentar convencer os afegãos sobre a necessidade de suas tropas.
"Essas bombas não foram uma demonstração de força para os EUA. Elas foram um serviço aos EUA, são um serviço para o alerta de 2014 de que, se eles (os EUA) não estiverem aqui, o Taleban virá", disse Karzai.
O general Joseph Dunford, o comandante das forças dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, reagiu às declarações.
"Lutamos muito duro nos últimos 12 anos, derramamos muito sangue nos últimos 12 anos, fizemos muito para ajudar no crescimento das forças de segurança afegãs nos últimos 12 anos, para que sequer seja possível pensar que a violência e a instabilidade sejam uma vantagem para nós", afirmou o general à imprensa.
Karzai tem um histórico de fazer declarações fortes, que irritam Washington. Os seus comentários têm ficado cada vez mais ásperos à medida que a data da retirada das tropas se aproxima.
*Com AP e Reuters
Fonte: Último Segundo
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