O conclave dos cardeais católicos se reunirá em 12 de março para começar a eleição do novo papa, anunciou nesta sexta-feira o Vaticano. Os 115 "cardeais eleitores", aqueles com menos de 80 anos, já chegaram ao Vaticano e participam das reuniões preparatórias ao conclave que indicará o próximo líder dos católicos no mundo, que chegam a 1,2 bilhão.
Não há nenhum claro favorito para substituir Bento 16 à frente da Igreja, num momento em que Santa Sé enfrenta vários problemas, incluindo escândalos de abuso sexual e disputas internas de poder.
Os conclaves estão entre as eleições mais misteriosas do mundo, sem candidatos declarados, sem campanha eleitoral explícita, e com eleitores que muitas vezes conhecem poucos dos seus colegas. Todos eles juram manter segredo sobre os detalhes da votação.
Divisão
O anúncio da data, que era esperado desde o início das reuniões preparatórias , na segunda, parece ter atrasado por causa de uma suposta divisão entre o grupo formado por cardeais italianos (que incluiria aqueles que trabalham na cúria) e outro composto pelos cardeais "estrangeiros", apontou a imprensa italiana.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal La Stampa, os "estrangeiros" queriam mais tempo, favorecendo uma regra anterior que previa que o conclave deveria começar entre 15 e 20 dias após o cargo ficar vago. Mas Bento 16 deixou aberta a possibilidade de antecipação do conclave antes de deixar o posto, medida que teria sido favorecida pelo grupo dos italianos (que formam 25% do conclave) que hoje controlam a cúria.
A data do início do conclave é importante porque a Semana Santa começa em 24 de março, com o domingo de Páscoa em 31 de março. Com o objetivo de ter um novo papa para o período litúrgico mais solene da igreja, ele teria de ser nomeado até o domingo do dia 17 - um calendário apertado se o conclave fosse começar, como inicialmente previsto, no dia 15.
Os estrangeiros estariam pressionando para ter acesso às informações do bombástico relatório que seria um dos motivos para a renúncia de Bento 16. A investigação sobre um suposto escândalo financeiro e uma rede de coerção salpicada de narrativas de teor sexual no coração da Igreja Católica estaria norteando em boa parte a discussão nos bastidores do encontro de cardeais.
Silêncio
Entre o grupo dos descontentes estão os cardeais americanos. Eles são o maior grupo depois dos italianos. A delegação também foi a única a trazer uma equipe de comunicação a Roma. O grupo dava coletivas diárias, mas, na quarta, a entrevista foi cancelada uma hora antes da hora prevista.
A assessoria de imprensa dos cardeais disse que houve preocupação na congregação geral de que procedimentos confidenciais pudessem ser vazados pelos americanos.
*Com BBC e Reuters
Fonte: Último Segundo
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