terça-feira, 18 de setembro de 2012

Útero é transplantado de mãe para filha pela primeira vez no mundo


"Uma das mulheres retirou o útero depois de um tratamento contra um câncer de colo do útero. A outra nasceu sem útero. Ambas têm cerca de 30 anos", explicou em um comunicado a Universidade de Gotemburgo.


"Mais de dez cirurgiões participaram das operações que transcorreram sem complicações. As mulheres que receberam o útero estão bem, mas cansadas depois da intervenção", informou Mats Brannstrom, professor de Ginecologia da Universidade e diretor da equipe de pesquisas. "As mães que doaram seus úteros já estão caminhando e poderão voltar para casa em alguns dias", acrescentou.
As jovens receptoras deverão esperar um ano antes de poder iniciar uma gravidez, por meio de fecundação in vitro, esclareceu ainda o professor Brannstrom. "Não saberemos se foi um transplante bem sucedido até 2014", data em que as jovens poderão dar à luz na melhor das hipóteses, afirmou o professor.
O especialista não quis especular sobre as possibilidades que as duas mulheres têm de engravidar. Em casos normais, segundo ele, a possibilidade de dar à luz através de uma fecundação in vitro é de 25 a 30%.
Os úteros implantados serão retirados quando as mulheres tiverem um máximo de duas crianças, para que possam suspender o tratamento contra a rejeição do órgão, segundo ainda Brannstrom. De acordo com outro médico da equipe, Michael Olausson, o risco de rejeição do útero será, a princípio, o mesmo de que qualquer outro órgão, em torno de 20%.
As duas jovens, cujos nomes não foram divulgados, foram selecionadas ao final de um longo procedimento, que permitiu garantir que elas e seus maridos eram férteis. Suas respectivas mães foram escolhidas como doadoras, dada a "vantagem teórica" que apresentam por ser familiares, indicou o professor Olausson. "Seus úteros demonstraram que funcionavam e eram capazes de ter um bebê", explicou.
Outras duas mulheres deverão ser submetidas a um transplante de útero na Suécia. A equipe médica indicou que estas duas novas pacientes não chegam aos 30 anos e que as possibilidades de êxito de uma fecundação in vitro são maiores quando as pacientes são jovens.
O professor Brannstrom destacou que o objetivo destes transplantes é ajudar as mulheres jovens nascidas sem útero ou com um útero que não funciona, e não as mulheres que estão na idade e têm condições de procriar.
A equipe de pesquisa do professor Brannstrom, que conta com 20 pessoas, trabalha neste projeto desde 1999. Anteriormente, realizou com sucesso transplantes de úteros em animais, como ratos e macacos, que deram lugar a nascimentos.
Os transplantes de útero, cujo primeiro êxito foi obtido na Turquia em 2011, são polêmicos, já que envolvem doadoras vivas. Em um primeiro momento, o Conselho de Ética da Suécia bloqueou as intervenções, mas finalmente deu sua autorização em maio, na condição de que um comitê especial controle as operações.

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