Manifestantes atacaram as embaixadas da Alemanha e do Reino Unido no
Sudão, nesta sexta-feira, em mais uma onda de revoltas por causa da
divulgação de um vídeo em que o profeta Maomé é ridicularizado.
Na
capital Cartum, cerca de 500 pessoas colocaram fogo nos prédio dos dois
órgãos internacionais e subsituíram as bandeiras alemã e britânica por
uma islâmica.
Mais cedo, um restaurante da rede KFC foi incendiado em Trípoli, no norte do Líbado, e uma pessoa morreu. O Papa Bento 16 está em Beirute
para uma visita de três dias e pediu o fim dos protestos violentos que
seguem se espalhando pelo mundo árabe. Forças de segurança do país
entraram em confronto com manifestantes, mas ainda não há relatos sobre o
número de feridos.
Em outro episódio, ao menos três pessoas morreram e 28 ficaram feridas
em um confronto entre manifestantes e forças de segurança da Tunísia. De
acordo com relatos veiculados na rede de televisão local, um grande
grupo tentou atacar a embaixada dos Estados Unidos em protesto ao vídeo
anti-islâmico que circula no YouTube. As autoridades utilizaram gás
lacrimogêneo e munição real.
Também na capital tunisiana, uma escola foi incendiada pelos radicais. Segundo relatos, não havia ninguém dentro do prédio.
No Egito, sete pessoas ficaram feridas
em confrontos com a polícia nos arredores da embaixada dos Estados
Unidos no Cairo - a área foi isolada pelas autoridades egípcias, que
chegaram a utilizar gás lacrimogênio, jatos d'água e balas de borracha.
Na capital do Iêmen, Sanaa, ataques também foram registrados.
Segundo a emissora de televisão britânica BBC, milhares
de pessoas se reúnem na Praça Tahir, tradicional palco de manifestações
na capital Cairo. Em declaração emitida nesta sexta-feira, uma comissão
ligada à ONU repreendeu a população da Líbia por "iniciar" o conflito.
Segundo os porta-vozes das embaixadas da Alemanha e do Reino Unido, ninguém foi ferido durante a manifestação.
O presidente do Egito e membro da Irmandade Muçulmana, Mohammed
Mursi, disse que iria organizar marchas pacíficas e outros tipos de
protestos nesta sexta-feira. Grupos islâmicos também convocaram uma
passeata, porém nada está sendo feito de forma organizada. Em um
discurso desde Roma, durante uma reunião com líderes italianos, o
mandatário reiterou que dará toda a segurança necessária aos
diplomatadas que vivem em seu país, mas condenou a veiculação de vídeos
que ridicularizam o Islã.
"A expressão do protesto tem que ser de uma maneira
civilizada e pacífica, em correspondência com a civilização antiga do
povo egípcio e a do grande Islã", destaca uma das convocações de um
grupo islâmico egípcio.
Brasileiros
Para o Itamaraty, as representações brasileiras em países
árabes do Oriente Médio e da África darão "a maior atenção à segurança"
aos seus diplomatas. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério de
Relações Exteriores, em entrevista à BBC Brasil, "não houve nenhuma
ameaça concreta contra o país".
O Itamaraty afirmou também que está monitorando as
comunidades brasileiras espalhadas pelos países atingidos pela onda de
protestos.
Violência
Na terça-feira, um grave ataque à embaixada dos Estados
Unidos na cidade líbia de Benghazi culminou na morte do embaixador
Christopher Stevens e de outros três americanos.
De acordo com o Ministro do Interior da Líbia, quatro
suspeitos de terem participado do ataque ao órgão americano foram
presos. Porém, não há detalhes se eles pertencem a algum grupo radical
islãmico. Segundo o governo dos EUA, o atentado pode ter sido
premeditado.
Filme
A polícia dos Estados Unidos parece ter fechado o cerco aos responsáveis pela produção e divulgação do filme anti-islâmico
que motivou a onda de ataques a embaixadas americanas. Nesta
quinta-feira, agentes da Califórnia interrogaram Nakoula Basseley
Nakoula, de 55 anos, que admitiu envolvimento no caso.
De acordo com a Associated Press, Nakoula - supostamente
um cristão radical de origem egípcia - confirmou ser o gerente da
empresa que produziu o vídeo no qual o profeta Maomé é retratado como um
adúltero, pedófilo e sanguinário. A polícia, no entanto, trabalha com a
hipótese de que ele possa ter sido, na verdade, o diretor do filme.
O governo americano buscou se distanciar do vídeo. Nesta
quinta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse
que os EUA " não têm nada a ver " com o filme, que chamou de repugnante e
repreensível".
Com BBC, Reuters e CNN
Fonte: Último Segundo
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