Quase 70 anos após o fim da Segunda Guerra, a Alemanha ainda é um barril de pólvora. Especialistas calculam que 100 mil bombas permanecem sob o solo e sob a água. E elas ainda podem explodir
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A detonação controlada de uma bomba da 2ª Guerra Mundial no centro de Munique, na Alemanha, na noite de terça (28), provocou estragos
Na maioria das vezes, tudo ocorre sem problemas. Mas de vez em quando as bombas conseguem mostrar toda o poder de destruição que ainda guardam, mesmo depois de 70 anos, criando uma bola de fogo que pode ser vista a distância, fazendo com que os mais velhos se lembrem dos tempos da guerra e com que os mais jovens se sintam dentro de um filme de ação de Hollywood.
Especialistas estimam que cerca de 100 mil bombas permanecem escondidas no solo e sob a água, jogadas sobre a Alemanha durante seis anos de guerra. A organização ambientalista alemã BUND presume que existam 40 mil toneladas de munições químicas de guerra no Mar Báltico. Elas foram lançadas ao mar no período da Guerra Fria, depois de 1945, pelos aliados e pela Alemanha Oriental.
Detonação em Munique
Há poucos dias, peritos tiveram que organizar uma explosão controlada de uma bomba de 250 quilos em Munique, devido à impossibilidade de desarmar o artefato. A detonação estilhaçou janelas de edifícios próximos, no bairro de Schwabing. Sacos de palha colocados próximos à bomba para reduzir o impacto da explosão voaram pelo ar e incendiaram telhados nas redondezas. Mas ninguém ficou ferido.
A bomba de fabricação norte-americana descoberta apenas no dia anterior em uma obra, a um metro de profundidade, continha um detonador químico de ação retardada. Estas bombas foram construídas de forma que o impacto da queda fizesse estourar uma ampola de vidro contendo acetona. O líquido provoca uma reação química que faz disparar o percussor da bomba com um atraso de horas ou até dias, provocando uma violenta explosão. A desativação de tal dispositivo é difícil.
Autoridades e membros da defesa civil da cidade de Koblenz passaram por essa mesma experiência em novembro do ano passado, quando 45 mil moradores foram chamados a deixar suas casas depois que uma bomba de 1.400 quilos foi descoberta durante um período de maré baixa do rio Reno.
Acredita-se que o número de bombas da Segunda Guerra nas áreas metropolitanas do estado da Renânia do Norte-Vestfália seja especialmente grande. O estado mais populoso da Alemanha abrigava a maioria das instalações industriais e militares do Terceiro Reich. Por isso, os aliados concentraram quase metade dos seus ataques aéreos nas cidades ao longo do Reno.
Bombas-relógio
Navios carregados com explosivos que foram afundados também constituem bombas-relógio que continuam sendo ameaças até os dias de hoje. Eles contêm substâncias tóxicas, tais como o gás mostarda e sarin. "Materiais químicos inflamáveis ficam ??expostos ao tempo, enferrujam", diz Armin Gebhard, responsável da Secretaria do Interior da Renânia do Norte-Vestfália pela eliminação de materiais explosivos. "A corrosão progressiva dos compartimentos em que estão guardados pode causar vazamentos e a contaminação da água e do solo", explica. Os materiais também podem manter seu poder destrutivo durante décadas. Por isso, a remoção de explosivos é cada vez mais difícil e perigosa.
Os estados alemães e as autoridades a eles subordinadas são responsáveis pela eliminação dos explosivos de guerra. Só o distrito de Düsseldorf, que cuida da região do Reno entre Emmerich e Bonn, emprega 13 equipes que não fazem outra coisa além de procurar bombas e eliminá-las. "Granadas de mão e munições menores são descobertas diariamente. Isto acontece sem que a população tome conhecimento", conta a porta-voz do governo local, Stefanie Paul.
Profissão: perigo
"A diversidade de explosivos da Segunda Guerra Mundial é limitada. Cada equipe de eliminação de material bélico tem uma coleção de objetos que serve para treinamento e amostragem", revela Gebhard. De qualquer forma, os especialistas têm que se aproximar cuidadosamente do artefato encontrado para descobrir do que se trata, como ele é acionado e para saber em qual estado o explosivo se encontra.
Depois, os peritos procuram determinar a quantidade de explosivo. Muitas vezes, o dispositivo de detonação pode ser desarmado no local a mão, através de um cabo ou por controle remoto, antes de a bomba ser retirada e eliminada.
As autoridades avaliam também fotografias aéreas da época da Segunda Guerra dos arquivos militares de EUA e Reino Unido. Nelas, é possível se ver os buracos deixados pelas bombas ao cair, que não explodiram. Somente o estado de Renânia do Norte-Vestfália gastou em 2010 cerca de 21 milhões de euros na eliminação de explosivos e armamentos da guerra.
Especialistas acreditam que a eliminação total de todas as bombas ainda levará décadas. Por isso, profissões que lidam com eliminação de explosivos ainda têm bastante futuro.
Fonte: Notícias UOL
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