quarta-feira, 13 de junho de 2012

Síria está em guerra civil, diz chefe das forças de paz da ONU


O conflito que já dura 15 meses na Síria tomou as proporções de uma guerra civil, na qual o governo tenta retomar grandes faixas de território urbano perdido para a oposição, disse o chefe das missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.




AP
Fumaça sobe de área residencial de Talbisah, na cidade de Homs (09/06)


"Sim, acho que podemos dizer isso", afirmou o subsecretário-geral para Operações de Paz da ONU, Hervé Ladsous, em uma entrevista à Reuters e a um outro jornalista, quando questionado se a crise síria poderia ser classificada como guerra civil.

"Claramente, o que está acontecendo é que o governo da Síria perdeu algumas grandes porções de território em diversas cidades para a oposição e quer retomar o controle dessas áreas", afirmou.

Essa é a primeira vez que uma autoridade do alto escalão da ONU declara que o conflito na Síria é uma guerra civil. "Agora confirmamos as notícias não apenas sobre o uso de tanques e artilharia, mas também de helicópteros de ataque", afirmou Ladsous. "Isso está de fato aumentando de proporção."

Na semana passada, o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que o confronto na Síria tem sido tão intenso em partes do país que em alguns momentos tem classificado a situação de guerra civil localizada, embora não tenha dito que se tratava de uma guerra civil em escala total.

Caso o CICV declare a crise síria um "conflito armado interno", isso terá implicações legais com relação aos crimes de guerra e ao cumprimento das Convenções de Genebra.

A declaração de Ladsous não tem nenhuma implicação legal, mas pode ter um peso político. Na semana passada, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu sobre o risco iminente de a crise síria se tornar uma guerra civil.

Ladsous também comentou um ataque sofrido pelos observadores da ONU na Síria nesta terça-feira, quando tentavam chegar à cidade síria de Haffa. Os monitores foram forçados a recuar pela multidão furiosa, que jogou pedras e barras de metal contra eles.

"Um de nossos observadores quase foi ferido", disse. "Pensamos que ele tivesse sido ferido, mas na verdade a bala não o atingiu, atingiu a bota dele."

"Foram muitos impactos no carro", acrescentou. "Assim, foi deliberado."


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