Os EUA anunciaram nesta segunda-feira a retirada de seus negociadores de Islamabad, depois do impasse das negociações para a reabertura de rotas de reabastecimento para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do Paquistão ao Afeganistão. "Foi tomada a decisão de fazer a equipe voltar para casa (Estados Unidos) por um breve período", explicou George Little, porta-voz do Departamento de Defesa americano.
A equipe de negociadores permaneceu no Paquistão por cerca de seis semanas, explicou o porta-voz do Pentágono, quando altos funcionários americanos acreditavam estar perto de conseguir um acordo com Islamabad para levantar o bloqueio aos comboios da Otan. Mas nenhum avanço era iminente e não havia uma data prevista para retomar as negociações, disse Little.
Os EUA, no entanto, continuarão mantendo um "diálogo" com o Paquistão, e a saída dos especialistas negociadores não significa que Washington tenha dado por terminadas as negociações, acrescentou.
O Paquistão fechou sua fronteira aos comboios de abastecimento da Otan em novembro, depois que um ataque aéreo frustrado dos EUA matou 24 soldados paquistaneses.
"Isso não deve ser considerado um sinal de falta de vontade para manter o diálogo com os paquistaneses em relação a esse assunto", disse o porta-voz, esclarecendo que os negociadores estão "preparados para voltar a qualquer momento".
Os membros da equipe começaram a deixar o país no final de semana e o restante dos negociadores pode voltar em breve aos EUA, segundo Little.
As declarações foram feitas depois de o chefe do Exército do Paquistão, general Ashfaq Kayani, ter-se negado a participar na semana passada de uma reunião com o assistente do secretário de Defesa americano, Peter Lavoy, que viajou ao Paquistão para tentar solucionar as divergências, indicaram autoridades. Lavoy "tentava se reunir com o general Kayani para trabalhar o tema", disse Little.
As vias de acesso através do Paquistão são importantes para a logística da Otan, que planeja uma retirada em grande escala das tropas e equipamentos de combate antes do fim de 2014.
Mas autoridades americanas rejeitaram até o momento as propostas do Paquistão de cobrar um pedágio de milhares de dólares por cada veículo da aliança que cruzar a fronteira. Washington também se negou a emitir um pedido de desculpas explícito pelo ataque aéreo que matou os militares paquistaneses.
Com as rotas paquistanesas fechadas, a força da Ota, liderada pelos EUA, teve de recorrer a voos de carga e a vias de abastecimento pelo norte negociadas com a Rússia e com uma rede de governos da Ásia Central e do Cáucaso. Mas as rotas do norte são muito mais amplas e, portanto, mais caras do que as paquistanesas.
"Quanto mais opções tivermos disponíveis em meio a um importante esforço como o da Guerra no Afeganistão, melhor", disse Little. "Como uma questão técnica, poderíamos em teoria fazer nosso trabalho sem as rotas terrestres de abastecimento. Seria melhor e menos custoso tê-las abertas", reiterou.
O estancamento das negociações coincide também com as declarações feitas na quinta-feira pelo secretário de Defesa americano, Leon Panneta, em que acusou Islamabad de não combater os insurgentes da rede Haqqani, que operam no Paquistão e atacam as tropas lideradas pelos EUA no vizinho Afeganistão.
Ataques aéreos restritos no Afeganistão
Nesta segunda-feira, a Otan deu ordem de restringir os ataques aéreos contra rebeldes que usam construções residenciais como escudo no Afeganistão depois da morte de 18 civis na semana passada, informou nesta segunda-feira o general John Allen, comandante-chefe da força da coalizão no país.
"Isso não significa que não perseguiremos os insurgentes, nem que acreditemos que não usam residências civis como escudo", afirmou em vídeo emitido de Cabul o general Curtis Scaparotti, subcomandante das forças americanas no Afeganistão. Na sexta-feira, Allen pediu desculpas pelas mortes de civis e foi pessoalmente ao local do ataque apresentar suas condolências.
*Com AFP
Fonte: Último Segundo
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