quarta-feira, 27 de junho de 2012

Rainha Elizabeth 2ª e ex-dirigente do IRA têm encontro histórico em Belfast

rainha Elizabeth 2ª e o ex-dirigente do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) Martin McGuinness deram um histórico aperto de mãos nesta quarta-feira em Belfast, em um ato considerado como um novo marco no processo de paz na Irlanda do Norte, segundo o Palácio de Buckingham.


O aperto de mãos entre a soberana britânica e o atual vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte aconteceu a portas fechadas durante um evento cultural no teatro lírico da capital norte-irlandesa, 14 anos depois do acordo de paz da Sexta-Feira Santa que acabou com 30 anos de violência entre protestantes leais à Coroa e católicos republicanos.
AP
Elizabeth 2ª e McGuinness se cumprimentam na presença do primeiro-ministro Peter Robinson
O encontro, inconcebível há alguns anos, aconteceu no segundo dia de visita da rainha a Belfast, que contou também com a presença de seu marido, o duque de Edimburgo, do primeiro-ministro da Irlanda, Peter Robinson, e do presidente irlandês, Michael D. Higgins.
Ao final do ato, desta vez diante das câmeras de televisão, Elizabeth 2ª e McGuinness voltaram a apertar as mãos, enquanto o ex-dirigente do IRA dizia algumas palavras. "Adeus e vá com Deus", disse em galês. A monarca não respondeu nada, apenas continuou sorrindo.
Questionado sobre o aperto de mãos inédito, um porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou: "Acreditamos que é correto que a rainha se reúna com todas as partes". O porta-voz recordou que a recente visita da rainha a Irlanda "levou as relações entre os dois países a um nível completamente novo".
Em maio de 2011, Elizabeth 2ª havia feito uma histórica visita de reconciliação à Irlanda, 90 anos após sua independência. McGuinness, 62 anos, passou de dirigente do IRA a líder no processo de paz que resultou no acordo de 1998.
Vítimas
Antes do encontro hitórico, a rainha havia se reunido com parentes de vítimas fatais em ataques do IRA na terça-feira. Elizabeth 2ª, cujo primo Lord Mountbatten foi morto em um ataque do grupo em 1979, teve uma reunião privada com parentes das 11 pessoas mortas no atentado a um funeral de guerra em Enniskillen, em 1987.
Os parentes desaprovaram a reunião da monarca com o ex-guerrilheiro, dizendo que o encontro era prematuro. "Eu não acho que ela deve apertar as mãos de Martin McGuinness amanhã. Eu certamente não apertaria a mão dele", disse Noel McIlfatrick, cujo cunhado Edward Armstrong foi morto no ataque, que deixou sua esposa e filhos feridos.
O IRA terminou sua campanha em 1998, mas pequenos grupos dissidentes continuaram a lançar ataques contra alvos britânicos, reavivendo preocupações de segurança que impediram a rainha de anunciar publicamente sua viagem para a região.
Para a visita, parte de suas celebrações do Jubileu de Diamante que marca os 60 anos de reinado da monarca, a segurança foi reforçada e grande parte da cidade, fechada ao tráfego, com veículos e curiosos sendo revistados por agentes de segurança.
Nesta quarta-feira, houve confrontos entre policiais e manifestantes que protestavam contra o encontro.
*Com Reuters, AFP e AP

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