Centenas de israelenses fazem fila neste domingo para passar perante o caixão com o corpo do ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, que morreu aos 85 anos de falência cardíaca no sábado, após ficar oito anos em coma depois de sofrer um derrame em 2006, no auge de seu poder político.
Envolto na bandeira nacional, o corpo ficará exposto até as 18 horas locais (14 horas em Brasília) para visitação pública no prédio do Parlamento, em Jerusalém. Uma cerimônia em memória do ex-premiê está planejada para segunda-feira (13) com a participação de líderes israelenses e do mundo, informou o gabinete do premiê Benjamin Netanyahu.
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, o ex-premiê britânico Tony Blair, o premiê da República Checa, Jiri Rusnok, o chanceler alemão, Frank-Walter Steinmeier, entre outras autoridades confirmaram sua presença. Depois da cerimônia, o corpo de Sharon será levado por um comboio militar a uma de suas residências para ser enterrado.
Como um dos últimos líderes da geração dos que fundaram o Estado de Israel, em 1948, a carreira de Sharon trespassa boa parte da história de 65 anos do Estado judeu.
Como um de seus generais mais famosos, ele fez fama com suas táticas ousadas e por uma recusa ocasional em obedecer ordens. Como político, ele ficou conhecido como "o trator" - desdenhoso em relação a seus críticos, mas capaz de fazer as coisas andarem.
Sharon deixou sua marca na região por meio de invasão militar, a construção de assentamentos judaicos em terras ocupadas e uma decisão chocante e unilateral de retirar tropas e colonos israelenses da Faixa de Gaza em 2005.
Ele planejou a invasão do Líbano por Israel em 1982 e perdeu seu cargo de ministro da Defesa depois que uma milícia cristã aliada a Israel matou centenas de palestinos no campo de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, no oeste de Beirute, atraindo o ultraje internacional.
Aos poucos, Sharon conseguiu reabilitar sua carreira política. Durante anos, ele foi uma força motriz no movimento pela construção de assentamentos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, capturando áreas reivindicadas pelos palestinos para um Estado futuro. Ele também iniciou a construção do polêmico muro da Cisjordânia.
Primeiramente eleito primeiro-ministro em 2001 se beneficiando de sua fama de linha-dura, ele liderou uma dura repressão contra a segunda intifada (levante) palestina, em uma violência que deixou mais de 3 mil palestinos e 1 mil israelenses mortos. Ele continua desprezado em boa parte do mundo árabe.
Mas em uma dramática mudança de postura, Sharon liderou a retirada de Israel de Gaza em 2005, removendo todos os soldados e colonos da faixa costeira depois de uma ocupação militar de 38 anos.
A retirada de Gaza levou Sharon a romper com o partido linha-dura Likud e a formar o centrista Kadima. Seu novo partido se direcionava para a vitória nas eleições parlamentares de 2006 quando ele teve o derrame.
Sharon morreu no sábado no centro médico de Sheba, nos arredores de Tel Aviv, após sua saúde ter-se deteriorado desde 1º de janeiro, quando teve falência renal.
*Com AP e BBC
Fonte: Último Segundo
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