O psiquiatra do Exército dos EUA que pode ser condenado à prisão perpétua por um ataque a tiros contra a base de Fort Hood em 2009 disse aos jurados nesta terça-feira que "as provas mostrarão claramente que eu sou o atirador".
Nidal Malik Hasan começou seu julgamento com breve declarações de abertura. Ele disse aos jurados: "A evidência apresentada durante o julgamento mostrará apenas um lado."
Hasan, de 42 anos, quis argumentar que disparou contra soldados americanos para proteger combatentes da milícia islâmica do Taleban no Afeganistão. Mas o juiz o proibiu de usar esse tipo de defesa. O ataque, um dos piores na história dos EUA, deixou 13 mortos e mais de 30 feridos na base, localizada no Texas.
Hasan ficou paralítico depois de ter sido atingido por um disparo nas costas durante o ataque, que iniciou gritando "Allahu Akbar!" - "Deus é Grande", em árabe - antes de abrir fogo.
O psiquiatra está representando a si mesmo no julgamento, em que é acusado de homicídio e tentativa de homicídio. Isso significa que ele poderia acabar questionando as vítimas diretamente.
O promotor militar Steve Henricks disse aos jurados que Hasan planejava "matar os soldados que conseguisse", afirmando que a acusação mostrará aos jurados que Hasan escolheu a data do ataque por uma razão específica.
Muçulmano de ascendência palestina nascido nos EUA, Hasan queria argumentar que lançou o ataque a tiros em "defesa dos outros" - insurgentes muçulmanos que combatem soldados americanos no Afeganistão -, mas o juiz rejeitou a estratégia. O juiz também disse que não lhe permitirá fazer discursos sobre suas crenças.
No lado das testemunhas estarão muitos dos feridos, além de dezenas de outros que estavam dentro do Centro de Processamento de Prontidão dos Soldados, aonde oficiais foram para se preparar para missões militares.
O julgamento foi aberto sob uma segurança pesada. Guardas com rifles de assalto montaram guarda do lado de fora da corte judicial, que estava quase totalmente escondida por barreiras que se estendiam até o teto.
Espera-se que Alonzo Lunsford, que ficou ferido no ataque, testemunhe. "Esse homem não cria nenhum medo em meu coração nem na minha famíli", disse Lunsford. "O que ele fez comigo foi ruim. Mas o maior erro que ele cometeu foi que eu sobrevivi. Então ele me verá de novo."
Mas Shawn Manning disse que receava a esperada confrontação. "Tenho de manter minha compostura e não ir para cima do cara", disse Manning, um especialista em saúde mental que se preparava para ir ao Afeganistão com Hasan. "Não tenho medo dele, obviamente. Ele é um cara paralítico em uma cadeira de rodas, mas é doentio que continue vivo e respirando."
A estratégia de defesa de Hasan continua não clara. Ele veiculou declarações à mídia sobre suas opiniões sobre o código legal islâmico conhecido como sharia e como ele entra em conflito com a democracia americana. Segundo o governo americano, Hasan enviou desde dezembro de 2008 mais de dez emails para Anwar al-Awlaki , uma islâmico radical nascido nos EUA que foi morto por um ataque de avião não tripulado (drone) no Iêmen em 2011.
Se Hasan for condenado e sentenciado à morte, é provável que passariam décadas até que ele fosse enviado a uma câmara da morte, se é que chegará a isso. O Exército não executa um soldado na ativa desde 1961. Cinco homens estão no corredor da morte militar, mas nenhum deles está perto de uma data de execução.
Das 16 sentenças de mortes emitidas por júris militares nos últimos 30 anos, 11 foram revertidas, de acordo com um estudo acadêmico em registros judiciais.
*Com AP
Fonte: Último Segundo
0 comentários:
Postar um comentário